quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

REFLEXÃO   SOBRE   O   ENRAIZAMENTO 

O ENRAIZAMENTO étalvez a necessidade mais importante e mais desconhecida da alma humana. 
É uma das coisas mais difíceis de ser definida. Todo ser humano tem uma RAIZ por causa de sua participação real, ativa e natural  em  convivência  numa coletividade  que conserve vivos certos tesouros do passado e certos pressentimentos do futuro. Participação natural,  decorrente  de sua localização,  seu nascimento, sua profissão, sua relação com a vizinhança. Todo ser humano sente a necessidade de possuir múltiplas raízes. Tem a necessidade de alimentar quase toda a sua vida moral, intelectual, espiritual,  por intermédio dos meios de que é parte. As trocas de influências  entre sócios muito diferentes não são menos  indispensáveis  do que o enraizamento no grupo onde vive. Mas esse meio deve fornecer  uma influência externa não como uma realidade indiferente, mas como um estímulo que torne sua existência mais intensa, mais operosa. A pessoa, contudo, não  deve  nutrir-se dessas aproximações externas senão depois de as haver como que digeridas e recebidas de quem as fornece. Quando um pintor de real valor visita um  museu, a originalidade de sua obra lhe é confirmada ao se ver diante de sua tela. O mesmo deve ocorrer  com toda pessoa do globo terrestre face aos diferentes meios sociais em que viva. Interiormente também as pessoas podem ser objeto de desenraizamento advindos de certos fatores muito perigosos, agindo como um verdadeiro veneno propagando  aquela doença. Um deles é o dinheiro que destrói as raízes onde ele penetra, tendo como efeito a criação de classes sociais (SIMONE WEIL, "ENRACINEMENT", PP 1027, "OEUVRES"). 

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