quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

MANUEL   BERNARDES   -   1644-1710

Nascido em Lisboa, um dos mais suaves, amenos e variados de todos os clássicos portugueses. A elegância alcançou-a ele pela inversão sempre natural da ordem gramatical no período, que é bem feito e melodioso" ("Arte da Composição e do Estilo", Pe. Antônio da Cruz, Colégio do CARAÇA).


Como a bóia sobre as ondas, porque nos poros tem encerradas partes do ar,  cuja esfera é superior; assim a VERDADE  sempre sai acima das contradições, porque a sua esfera é o céu.  Ponho aqui umas trovas em louvar da VERDADE.  Perdoe-se o que a musa não tem de florígera pelo que tem de frutuosa.

A noz, o burro, o sino, e o preguiçoso
Sem pancadas nenhum faz seu ofício:
Esta  é fechada, aquele vagaroso,
Um cala, o outro jaz sem exercício.
Mas tanto que do ferro ou pau nodoso
Os duros golpes lhes sacode o vício,
O fruto abre, o animal pés amiúda,
O metal clama, o preguiçoso estuda". 


Qual é aquela formosura
Que vestir-se não procura
Por maior honestidade?
A  VERDADE.

QUE COUSA HÁ NO MUNDO  TAL
TÃO  SINCERA E RARA E IGUAL
QUE A DEUS E AOS HOMENS AGRADA?
 A  VERDADE.

QUEM  FEZ  AMÁVEL  E  GRATO
INDA AOS BÁRBAROS O TRATO
DA  HUMANA  SOCIEDADE? 
A  VERDADE!




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