segunda-feira, 11 de agosto de 2014

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Em carta de  30/04/1928,   TRISTÃO  escreve  a JACKSON: "Penso que a "ORDEM" deveria estudar de mais perto o problema do comunismo. Estou lendo o livro de um conservador alemão sobre a Rússia. Os alemães são estupendos para conhecerem os outros, porque se adaptam  muito bem a todas as realidades, mesmo sem perderem a sua personalidade. Mando-lhe a tradução. Penso que será longo demais para a "ORDEM". Devolva-o depois; se não lhe convier para ela, poderei dá-lo todo para "O JORNAL"? Ou acha inconveniente  a publicação? (já vimos a resposta de JACKSON, opinando pela não publicação na revista do Centro Dom Vital ou no "O JORNAL", por se tratar de uma apologia da Rússia Revolucionária).  Pense nisto". Tristão deu o troco: "Basta você opinar pela não publicação para que não o faça. Minha tradução  não é fruto  de simples diletantismo ou por me parecer uma descrição dramática do que vai pela Rússia. Já passou o tempo em que as coisas me interessavam por esse aspecto (quando Tristão ainda não era católico). Vejo-as hoje (a partir de sua conversão em 1928) apenas como elementos de um drama do CONHECIMENTO e do DESTINO, e por isso sob o ponto de vista da REALIDADE INTEGRAL. Imagino que trechos dele poderiam caber numa revista como a "ORDEM", que não teme qualquer espécie de verdade, desde que defenda a VERDADE.  UM COMENTÁRIO desse artigo por um espírito como você seria admirável e mais educativo para seus leitores do que o OCULTAMENTO  das VERDADES. E como no caso se trata de VERDADES que apelam à inteligência e não aos sentidos, a tática deve ser revelá-las sempre, não esconder argumento algum, discuti-los á luz do dia. Uma dessas verdades é o COMUNISMO, exigindo sua reveleção, para sabermos como nos defendermos para vermos de perto o perigo e suas seduções, para termos a força de voltar, de refazer em nós um equilíbrio abandonado. Você conhece melhor que eu o nosso meio, e a tática de propagar num meio de ignorantes e de fofos como são os nossos patrícios, talvez seja outra do que a que julgo necessária".  Outra coisa: existe na Inglaterra uma liga católica que todo mês publica folhetos sobre temas fundamentais da religião católica, em linguagem simples, em forma de propaganda, mas feito por gente de primeira ordem e muitas vezes por jesuítas. É preciso habituar esse imbecilíssimo público católico a ler alguma coisa de melhor do que o devocionário de meia-tigela. O mundo moderno está mais pagão do que Roma no século I (um pouco de exagero!). Mesmo assim há mais a fazer na catequese do século XX do que na do século XVI, pois os tupis do nosso século são infinitamente mais incatequisáveis do que os do século da descoberta! Dirá você que o primeiro a a precisar de catequese sou eu mesmo. Você tem razão! E é no que começo a empregar-me. Há tanta coisa a fazer dentro de mim!" ("Correspondência-Harmonia dos Contrastes", tomo II).

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