sexta-feira, 30 de maio de 2014

MESTRE  GRACIANO  E  PROF.  LARA   RESENDE


Por falar do CARAÇA e de LARA RESENDE,  um dos mais conhecidos e gratos mineiros ao Colégio do Caraça, fiquei sabendo, lendo-lhe  "MEMORIAS", que em 1906 seus pais o confiaram ao primo e padrinho, comerciante em BONFIM, MG.   Sob seus cuidados, em vez de o matricular, como prometera, no COLÉGIO TRIGUEIRO, no início de 1906 matriculou-o  NA ESCOLA PÚBLICA DE MESTRE  GRACIANO  GOMES  CALCADO. Foi um dos homens mais singulares que Lara Resende conheceu e sua escola lhe foi um oásis nos oito meses  em que a frequentou. Tinha Graciano uns 30 anos, possuindo em sua maneira de viver mais de angélico que de humano. Sonhador, queria a toda força, pois sempre se carteavam, que Resende concordasse em adquirir boas terras em Paracatu,  terra natal de Graciano (como a de Joaquim Barbosa, do STF), para construirem uma Universidade Rural em 1921.  Em 1915 Graciano escreveu-lhe, em resposta a uma carta comunicando-lhe que lecionava em São João Del Rei: "Mas,  tão jovem ainda,  Antônio, eu o conheci bem, soube-o mais tarde no alto das serranias tradicionais e únicas do famoso Caraça; imaginei logo que lá sua inteligência de escol, a seriedade que o tornava incomum, a aplicação aos estudos, tudo isso, repito, com muito conhecimento de causa, tudo isso pôs-me definitivo obstáculo à surpresa que me ia trazendo sua carta ao térmimo de sua leitura". Bem mais tarde, em 1966, visitando o pároco de Bonfim, Padre Antônio Pires da Costa, seu colega no Caraça (e que não se dignou de o convidar a entrar em sua residência), Resende encontrou na cidade de Bonfim Cristina Dornas, octogenária então, outrora objeto de terna paixão por parte do  amigo Mestre Graciano. Professores  um e outra. Ela, vitimada pela tuberculose ainda na juventude. Ele, mais do que octogenário,  a viver sozinho até os derradeiros instantes. Certa manhã de 1948, sabendo internado na Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Resende foi visitá-lo. Dias depois levou-lhe umas frutas e a notícia de que íamos levá-lo para um quarto particular para sentir-se mais à vontade.  Com delicada decisão se opôs e, para desarmar minha insistência, escreve Resende, Graciano contrapôs: " Espere um ou dois dias. Se houver melhora no meu estado, aceitarei sua proposta".  No dia seguinte, já o encontrei em plena agonia. Entre lágrimas que lhe rolavam na fisionomia serena, sem a mínima contração: "Meu amigo! meu amigo! você é muito bom! Reze...! E morria numa enfermaria geral da Santa Casa de Misericórdia da Capital Mineira. Desaparecia como indigente mais um de tantos grandes homens de quem tantas lições colhemos até no momento da partida para a casa do Pai.

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