segunda-feira, 6 de agosto de 2012

TEREZA DE LISIEUX E MERTON

Como se lembram, THOMAS MERTON fora, certa madrugada, num Hotel burguês de Paris, seduzido pelo olhar sorridente de uma freira. Que descobrira ter sido de TEREZA DE LISIEUX. Começou a se interessar por ela, lendo sua vida escrita por GHÉON. O que o enterneceu nela foi ela se tornar santa, não por haver abjurado a classe média, o ambiente burguês em que crescera. Pelo contrário, conservou tudo o que era burguês em sua volta e não incompatível com sua vocação: sua afeição nostálgica, o gosto por uma arte açucarada (anjinhos de açúcar cristalizado), etc. Escreveu poemas que, embora admiráveis alguns como sentimentos, se baseavam nos mais médiocres modelos populares. Claro que para ela seria incompreensível pudesse alguém achar feias tais coisas. Jamais lhe ocorreria desistir delas, detestá-las. E no entanto ela não só se tornou santa como uma das mais santas dos dois últimos séculos! Para THOMAS MERTON descobrir isso foi-lhe a mais salutar humilhação na vida. Sem ter mudado de opinião sobre a enfatuação da burguesia do século XIX, pois coisa revoltantemente feia, feia o será sempre, ele escreveu que não se viu chamando de boas as aparências dessa cultura espúria, mas teve que admitir que, no que diz respeito à santidade, toda essa exterioridade feia ERA POR SI COMPLETAMENTE INDIFERENTE. E mais: como todos os males físicos do mundo, podia servir como causa secundária, como motivo, de um grande bem espiritual. A descoberta de um grande santo é uma tremenda experiência. Inteiramente diferente da descoberta dum ídolo, de um fã de cinema. Os santos tornam-se nossos amigos, comparticipam dessa nova amizade. A primeira coisa que TEREZA se pôs a fazer por mim foi tomar conta de meu irmão que no Canadá se alistara na Real Força Aérea Canadense. E que, convocado, bom fotógrafo que era, montava guarda no campo, rente a defesas de arame farpado. Foi na Segunda Guerra Mundial. Pedi a TEREZA tomasse conta de meu irmão. Ela cumpriu sua tarefa. Creio na Comunhão dos Santos.

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