quinta-feira, 2 de agosto de 2012

PALAVRAS DE DESPEDIDA

Segundo o mestre TRISTÃO DE ATHAYDE os judeus espalhados hoje pelo mundo podem ser divididos em dois grupos segundo suas modalidades de espírito: judeus DE GHETTO e judeus DA DIÁSPORA. Os que se fecham entre si, conservadores das velhas tradicões, cultores de seu messianismo dentro das linhas do Velho Testamento. E os que se deixaram dominar pelo espírito de dispersão: espíritos inteligentes ao extremo, facilmente adaptáveis a todos os meios, que, perdendo o espírito da Lei, em geral se deixam levar pela lei do espírito. A este segundo grupo pertencia STEFAN ZWEIG, o escritor austríaco que encerrou a existência em Petrópolis, dia 24/02/1942, suicidando-se junto com a esposa num lamentável desespero de causa. Antes, porém, de partirem, endereçou-nos a seguinte DECLARAÇÃO. "Antes de deixar a vida por vontade própria, com a mente lúcida imponho-me a última obrigação: dar um carinhoso agradecimento a este maravilhoso país, o BRASIL, que propiciou a mim e à minha obra tão gentil e hospitaleira guarida. A cada dia aprendi a amar este país, mais e mais. Em parte alguma eu poderia reconstruir a minha vida agora que o mundo da minha língua está perdido e o meu lar espiritual, a Europa, autodestruído. Depois dos 60 anos são necessárias forças incomuns para começar tudo de novo. Aquelas que possuo foram exauridas nestes longos anos de desamparadas peregrinações. Assim, em boa hora, e conduta ereta, achei melhor concluir uma vida na qual o labor intelectual foi a mais pura alegria e a liberdade pessoal o mais precioso bem sobre a terra. Saúdo a todos os meus amigos. Que lhes seja dado ver a aurora desta longa noite. Eu, demasiadamente impaciente, VOU-ME ANTES!" Stefan Zweig. Petrópolis, 22/02/1942.

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