sexta-feira, 20 de julho de 2012

20 de JULHO = DIA DO AMIGO

"A hospitalidade, a cortesia, a AMIZADE são encontros do HOMEM. AMIGO é aquele que abre a porta ao mendigo, à sua muleta, à sua bengala encostada num canto. É aquela parte do HOMEM que é para ti e que te abre uma porta que talvez ele não abra noutro lado. Amigo é aquele que recebe em si a primavera, quando tu lhe narras a primavera que deixaste lá fora na estrada. Ou que sofre o horror da fome dos irmãos que ficaram na aldeia donde vieste. É aquele junto do qual posso ficar calado, isto é, nada recear pelos meus jardins interiores, nem pelas minhas montanhas, nem pelas minhas ravinas, ou desertos, porque ele não passeará por lá as suas botas cardadas. O que tu, amigo meu, recebes de mim com amor é como se recebesses o embaixador do meu império interior. E o tratas bem, e o fazes sentar, e o ouves! E é ver-nos felizes. A AMIZADE é a grande circulação do espírito para além dos pormenores vulgares. Que fazer de um deus que, no templo, discutisse a altura ou a apresentação de seus fieis, ou de um amigo que, em sua casa, não lhes aceitasse as muletas e que pretendesse fazê-los dançar para julgá-los? Teu AMIGO está feito para te acolher. Fica sabendo que, quando vais ao templo, Deus, em vez de te julgar, TE RECEBE. No templo, o amigo, que graças a Deus, acotovelo e encontro, é aquele que vira para mim o mesmo rosto que o meu, iluminado pelo próprio Deus. Chegamos à unidade, muito embora noutro lado ele seja por ventura um lojista quando eu sou capitão, ou jardineiro quando eu sou marinheiro no mar. Para além das divisões, encontrei-o e sou seu amigo. Ja deves ter visto a AMIZADE ou o amor pegar como raízes que orrompem num frêmito súbito de almas sobre almas, talvez mesmo sob o golpe da infelicidade que de um momento para outro se faz estrutura e divino fecho de abóbada, para tirar de todos a mesma parte, a mesma face que colabora! E a alegria então provém do partilhar o pão ou de oferecer um lugar junto do fogo! AMIGO, repito, é aquele que recebe, que acolhe. Que não julga pois que de julgar sempre se há de encontrar bastantes juízes por este mundo afora ("CIDADELA", Saint-Exupéry).

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