quinta-feira, 11 de agosto de 2011

LAFER, CONY e o CUPIM

Na FOLHA DE SÃO PAULO de hoje, 11/08/11, a coluna de CARLOS HEITOR CONY comentou com o brilho de sempre a palestra do ex-ministro das Relações Exteriores, CELSO LAFER, nesta semana, na Academia Brasileira de Letras sobre ética e cidadania em tempos de transição. Com a presumida licença de Cony, e sobretudo diante do espetáculo de corrupção que tanto nos constrange, transcrevo aqui o resumo da conferência do imortal acadêmico apresentado pelo Cony, também imortal. "Com sua vivência de "scholar", ao monumental volume de considerações as mais modernas, desde Maquiavel a Bobbio, ele não localizou os desafios da ética na hora atual em grandes e apocalípticos exemplos que atravessam a história. Pelo contrário, usou uma palavra que me pareceu um neologismo, mas o mestre Evanildo Bechara garantiu que não era: descupinizar. Além dos conflitos religiosos, políticos e territoriais que marcaram a humanidade e as nacões com tragédias, a realidade de hoje parece se concentrar em fatos miúdos, universais - que, em linhas gerais, podem ser resumidos na corrupção generalizada que atinge a todos os escalões da vida pública, quase de modo silencioso, roendo a estrutura ética do Estado e dos indivíduos. Não precisou citar exemplos específicos, aludiu ao que se vê em toda parte. Um bichinho insignificante, que mal percebemos no início de seu trabalho destruidor, vai corroendo os alicerces éticos da sociedade como um todo. E as construções mais sólidas se diluem em pó. Abandonando a metáfora e examinando a extensão e a propagação do cupim, descobre-se que ele não nasce de geração espontânea. Tampouco o seu resultado final: a corrupção. Para dar um exemplo do dia, em termos nacionais: de uma só levada, vários funcionários do Ministério do Turismo, inclusive de alto escalão, acabam de ser afastados. E assim a confiança do cidadão na estrutura do Estado é cada vez menor e mais problemática".

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