segunda-feira, 12 de julho de 2010

DEUS ONTEM, HOJE E SEMPRE

"Não pense você que um dos meios de iniciar um momento de recatolização do nosso ambiente  seria o de fazer propaganda com as mesmas armas que os protestantes já estão empregando com tanto êxito: o folheto barato e distribuído gratuitamente ou a preço muito barato? É preciso habituar esse imbecilíssimo público católico a ler alguma coisa de melhor do que o devocionário de meia tigela!" Assim escreveu Tristão de Athayde a Jackson de Figueiredo em o8/05/1928. O que se julgava eficaz há 80 anos parece-me ter caído, em grande parte, no ridículo. Pois  a imitação imaginada pelo missivista foi além: passou-se a copiar as maneiras de agir externamente dos pastores que, sem dúvida, em muitos casos ofuscam a falta de uma abordagem psicológica, caridosa, solidária, numa palavra cristã de nossos membros do clero. Compreende-se: a vida reclusa por anos e anos em seminários interrompia, com prejuízos graves, a formação dos adolescentes e jovens, futuros guias espirituais dos católicos. O clero aos poucos deixou de ser o fermento na massa, o sal da terra. A distância entre pastores e fieis foi-se alargando, a ponto de João XXIII, quebrando amarras,  iniciar uma abertura das janelas do Vaticano. E proliferou em nosso maio a literatura católica, houve uma tomada de consciência, o grito de um despertar nas hostes católicas com o Vaticano II.  E vem agora, quarenta anos passados do Vaticano II, a palavra do Papa alertando para o ateísmo que se alastra  mundo afora. Dizem que Stalin quis saber de que forças dispunha a Igreja para se manter há dois séculos à frente de um batalhão de católicos. Parece-me que há necessidade de irmos atrás desse elemento espiritual, interno, silencioso, autêntico, que, quem sabe, está bem dentro de cada um de nós! "Dirá você que o primeiro a precisar de catequese sou eu mesmo. E, como sempre, você tem razão. E é no que começo a empregar-me.  Há tanta coisa a fazer dentro de mim!" Assim escreveu Tristão em 05/10/1928, acrescentando: "O mundo moderno está mais pagão do que Roma no século I. Mas mesmo sem exagero, há mais a fazer na catequese do século XX, do Brasil, do que no século XVI, pois os tupis hoje são infinitamente mais incatequisáveis do que os do século da descoberta!"

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