quarta-feira, 14 de julho de 2010

66 ANOS DA MORTE DE EXUPÉRY

31 de julho de 1944. Às 8 horas da manhã, já na pista, o mecânico Carlos Suty vê chegarem dois oficiais, um deles Saint-Exupéry. Sinto profunda emoção ao vê-lo pela primeira vez.  Depois de me cumprimentar gentilmente penetra na estreita carlinga do Lightning 223, instalando-se na cabine. Sobre a coxa um bloco de anotações com um lápis preso por uma pequena fita. O mecânico e o suboficial ajudam Exupéry   a fechar o paraquedas, o cinturão, a colocar o capacete, a afivelar a máscara de oxigênio, a verificar os instrumentos                             de ligação dos motores. Fechada a cabine, o ajudante-chefe e o sargento-chefe procedem às últimas verificações no solo: motor, trem de aterrissagem, etc. Retirados os calços das rodas e ao sinal habitual, eis a partida! São 8 h 45 ou 8 h 15, segundo outros. É de 5 horas a autonomia do aparelho que já decola. Passados 25 minutos, o radar anuncia que  ultrapassou as costas francesas. Pela pequena distância entre a Córsega e o continente, devia estar de volta ao meio-dia. Até as 14 horas, nenhum sinal. E não tarda a acabar o combustível! Mais tarde se sabe que Saint-Ex deixara sobre a mesa do quarto de oficial duas cartas. A primeira dirigida a Nelly de Vogué. A segunda, a Pedro Dalloz, chefe de maquis em Vercors: "Gostaria de saber seu pensamento sobre os tempos presentes. Quanto a mim, eu desespero... Guerreio do modo mais autêntico possível. Sou sem duvida o deão dos pilotos de guerra do mundo. O limite de idade é de 30 anos sobre o tipo de avião de um só lugar, de caça, que eu piloto. E outro dia um motor teve uma pane a 10.000 metros de altitude, sobrevoando Annecy, no momento mesmo em que eu completava 44 anos! Enquanto remava nos Alpes na velocidade de uma tartaruga, à mercê  de todo caça alemão, eu me divertia docemente sonhando com os superpatriotas que proibiam meus livros na África do Norte. É muito engraçado! Se eu regressar, de nada absolutamente me arrependerei. O formigueiro futuro me espanta. Odeio sua virtude de autômatos. Quanto a mim, fui  feito para ser jardineiro"... 

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