TRISTÃO, BLOY, RAÍSSA e MARITAIN
ESCREVE Tristão de Athayde (1893-1983) em "Companheiros de Viagem" que "um jovem casal de estudantes lera num artigo de Maeterlinck uma definição de gênio por um desconhecido, certo Léon Bloy (1846-1917). Eram estudantes de filosofia, à procura angustiada da verdade. Indagaram quem seria esse estranho simbolista citado pelo autor de "Oiseau Bleu". Escreveram-lhe. E logo à primeira carta o implacável "Peregrino do Absoluto" neles reconhece uma vocação luminosa. "Lumineuse" é mesmo o epíteto que Bloy encontra para Raíssa (1883-1960) ao conhecê-la. E dela traça, no seu diário de 25 de julho de 1905, esse retrato deslumbrado: "Que aventura sobrenatural, que bênção para nós, esses dois amigos enviados a 20 de junho, e que vemos se perderem , com tanto amor, em nossa caverna! O moço é um desses idealistas ignorantes de Deus, que se deixam arrastar pelos cabelos ou pelos pés, na escada da Luz. A mocinha é uma judia russa, pequenina. Faz-me pensar num "muguet" dos bosques, que um raio de sol, pesado demais, fizesse inclinar sobre a própria haste. Nesse ser encantador e tão frágil habita uma alma capaz de ajoelhar carvalhos. Desde o primeiro dia me desconcertou sua inteligência". E Tristão comenta: "Eis um retrato de corpo inteiro desse tênue "fil de la vierge", dessa fragilíssima teia de aranha que iria ser por meio século o mais forte sustentáculo e colaborador do maior filósofo católico dos nossos tempos". Bloy: " Não é nattural ter amigos como vocês, sobretudo quando por 30 anos se trabalha para ter inimigos... Parece que nada há de mais espantoso que a sua amizade, Jacques e Raíssa. Este tempo é para nós, do ponto de vista da amizade, o que os Atos dos Apostolos são para o Cristianismo".
segunda-feira, 16 de maio de 2016
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