domingo, 8 de fevereiro de 2015

LANÇADEIRA   DO   TEAR

Missa das 18,30 de ontem (08/02/15), igreja do Colégio Santo Inácio,  Rio. Já emocionado com o cântico de entrada e presença numerosa  de fiéis (ocorre isto  desde o Natal: milagre de São José de Anchieta ou  do jesuíta Francisco?) na Liturgia da Palavra ouço a leitura do livro de Jó, 7.VI: "Meus dias correm mais rápidos  do que a LANÇADEIRA do tear..." LANÇADEIRA! Saudosa recordação pelas mãos de uma fada me conduziu pelas dobras de  oito décadas a uma visita à casa paterna. "Entrei. Um gênio carinhoso e amigo, o fantasma talvez do amor materno tomou-me as mãos, olhou-me grave e terno  e passo a passo caminhou comigo". No tear, em pé, minha mãe manobrando o instrumento de sustento dos doze rebentos que chegaram à idade adulta. Pelo jeito, partiu-se algum fio da lançadeira. Olhos  cançados, procura a ponta da linha. Tenho-a aqui no meu quarto, numa pintura oferta da sobrinha Mônica, de repente agora me despertando alguns baús de lembranças que tanto me orgulham a mim e a meus irmãos de termos tido por Mãe  DONA NENÉM, heroina, engenhosa tecelã, e por Pai, seu coadjuvante CLEVELAND DA DONA NENÉM. E  confesso, de novo com a aquiescência de Luiz Guimarães, "o pranto (quase!) jorrou-me em ondas... resistir quem há-de? Uma ilusão gemia em cada canto, chorava em cada canto uma saudade!" ("Visita à Casa Paterna", Luiz Guimarães). 

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