sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

CORÇÃO   E   TRISTÃO   SE   RECONCILIAM

Mesmo no esquecimento dos  humanos, PETRÓPOLIS liturgicamente todo ano recorda:  no roxo das quaresmeiras dispersas nas montanhas, a SEMANA SANTA vem vindo depressa,   culminando devagar no ouro da PÁSCOA das acácias florestais. O encanto multifacetado dessa cidade das hortênsias me traz à mente a santa figura de DOIS  dos nossos mais combativos católicos CONVERTIDOS:  TRISTÃO DE ATHAYDE e GUSTAVO CORÇÃO. Foi  do silêncio e da solidão de sua "Moselinha" em Petrópolis que saíam, diariamente quase, para a agência dos correios local as cartas que TRISTÃO remetia para sua filha religiosa, o precioso conteúdo de sua autobiografia, em parte hoje  publicada em dois volumes. Num deles, como ponto de reflexão para o próximo domingo da quaresma, TRISTÃO  conta que seu filho mais velho, acidentado em 1967, estava sem falar, em gravíssimo estado, num hospital de Campinas, São Paulo. Entrou numa igreja e perguntou a Nossa Senhora que sacrifício  lhe aconselhava pela vida do filho. "Fazer uma visita ao Corção!", soprou-lhe uma voz interior. "Isto, não!!!" Ao ouvir a resposta: "Sacrifício é sacrifício!", vem a esposa a seu encontro, comunicando que, depois de três meses, o filho acabara de voltar a falar. Na mesma hora TRISTÃO partiu para o Rio. "Quando Corção abriu a porta e viu quem era, olhou-me  com uma expressão  que parecia dizer: "Este homem veio matar-me!"  Contei-lhe então tudo o que se passara em Campinas e ele se ajoelhou e ficou a beijar minhas mãos, em prantos. Conversamos alguns minutos e fui-me embora.   Foi a última vez que nos falamos!" ("Memorando dos 90", entrevistas e depoimentos por Francisco de Assis Barbosa, pp.372-373). "Exultet jam angelica turba coelorum", testemunhas angelicais, com certeza, de comovedora cena entre duas santificadas almas de compatriotas brasileiros. CORÇÃO faleceu em 1972 e TRISTÃO em 1983.

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