segunda-feira, 2 de junho de 2014

MADRE   MARIA   TERESA   AMOROSO   LIMA

Somente há três anos soube do falecimento, dia 01/07/11,  de Madre Maria Teresa, abadessa da Abadia Santa Maria, São Paulo, filha de Tristão de Athayde. Aquele ambiente de "silêncio, solidão e santidade" foi o segundo lar de Maria Teresa desde os 23 anos de idade até os 82, tendo ali exercido o cargo de abadessa nos  últimos 33 anos de vida. Para conhecer um pouco o segundo ambiente na terra de Lia Amoroso Lima, eis a transcrição de bela página deixada em 24/11/1961 pelo pai no livro "Adeus à Disponibilidade", sob o título "O Tronco Partido".  "Naquela noite choveu torrencialmente em São Paulo. A comunidade inteira velava um corpo inerte que pouco antes envolvera a alma sobranceira da Fundadora. Era a mulher forte que, em 1911, levantara aquela casa precisamente meio século atrás: MADRE    GERTRUDES RUDGE  DA   SILVA  PRADO, fundadora da primeira abadia de monjas contemplativas no Continente Americano. Madre Gertrudes deixara em 1907 a vida fácil de moça rica pela vida dura de enclausurada. Ela enxergara longe; quando hoje a casa é pequena para conter as jovens que batem à sua porta é que se compreende o alcance da jovem aristocrata. Enquanto seu corpo agonizava, um velho pinheiro, ao vento do espírito que soprava a tênue luz da vela viva a se extinguir na cela humilde da abadia, respondia lá fora o rijo noroeste que ia arrancando o velho pinheiro do solo fofo onde, quem sabe, a jovem monja o plantara um dia.  Quando a vela se apagou, o tronco também cedeu.  Ninguém deu pela queda. Na manhã seguinte, quando o corpo da fundadora era levado solenemente à capela, é que uma jovem freira encontrou o tronco caído. A árvore acompanhara a jardineira. Os dois troncos tombaram ao mesmo tempo". Mas não morriam. A vida apenas mudava. Não era tirada de vez, nem das árvores nem da pessoa. Enquanto  a vida verdadeira se eterniza na glória, o velho tronco vegetal ainda hoje resiste a novas ventanias e aguaceiros. O símbolo da milenar abadia de Monte Castelo revive ali a dois passos da sempre agitada Avenida Paulista: um tronco cortado cerce de onde brotam novos ramos verdes. É por isso que o trabalho da porteira é tão grande. É por isso que a campainha da entrada não cessa de tinir. É que a vida que ali se vive, a das árvores, a dos passarinhos ou a das sombras humanas que deslizam silenciosamente pelo claustro, é a vida verdadeira e que não cessa: a vida da perfeita entrega a Deus".

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