domingo, 16 de fevereiro de 2014

COMO  FOI  O  DIA  31/03/1964?

Brasileiro algum, talvez, consiga ter uma análise mais real do que a que traçou Tristão de Athayde, em carta escrita a sua filha, analisando o ambiente vivido no país no dia 31/03/1964. Eram muito sombrias as notícias políticas, lembrando  1937, quando Getúlio Vargas, mestre do Jango, deu o golpe criando o Estado Novo. Embora as atitudes recentes mas indecisas de Jango dêem a impressão de que que imitará o mestre,  parece não acreditar no apoio militar do exército para se opor ao movimento hostil da marinha. Caso em que se poderia pensar numa revolução  de tipo comunista. O certo é que o momento é de perfeita perplexidade e de vigília de golpe que, salvo engano, viria de Jango, apoiado nas esquerdas, com a radical contrariedade do misssivista. Mais uma vez Magalhães Pinto (lembrem-se do Manifesto Mineiro!) deitou manifesto legalista, aliando-se ao PSD, portanto aos "direitistas", mas não lacerdistas. Tudo muito confuso, refletindo o momento de espíritos superarmados uns contra os outros, com os "apelos à concórdia "perdendo-se como risos de crianças no meio do barulho de uma festa... Prometendo descer ao Rio, escrevia de Petrópolis, era sua intenção almoçar com Dom Hélder que lhe daria notícias nada por certo tranquilizadoras. E na suposição de a revolução não estourar, era sua intenção ir ao Rio nos dois dias seguintes, "pois estamos em vésperas  de alguma coisa": 1930? 1937? ou ... o imprevisto de 1965?  Triste e pobre Brasil! Brasileiros sem amor, sem juízo, sem consciência, de parte a parte!"


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