quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

AS  DORES  DA  CONVERSÃO  E  AS  DORES  DO  PARTO  SE  ASSEMELHAM?

Uma  autêntica conversão quase sempre se cerca de uma série de sofrimentos intelectuais e morais  à semelhança das dores de um parto. Escrevendo, JACKSON DE FIGUEIREDO, em carta de 09/08/1927,  a um TRISTÃO DE ATHAYDE, um ano antes de sua conversão ao catolicismo (1928), bastante desorientado nessa hora de resultados fatais de uma sublevação geral dessas forças negativas no império do homem, sofrendo  das oposições entre a CONSCIÊNCIA  que lhe impõe o VALOR DA FÉ, e a SENSIBILIDADE cansada ou demasiado trepidante que o distancia de uma sensação de conforto, nem sempre presente, de uma imaginada felicidade como efeito da conversão, JACKSON lhe lembra que JESUS o que veio fazer foi atestar o VALOR das ALMAS no espantoso horror deste mundo decaído, foi atestar a existência de uma saída para a luz de dentro desses muros de trevas. Foi mostrar que o difícil caminho da HUMILDADE  e do SACRIFÍCIO é o caminho certo para a glória da ressurreição na vida real. NÃO; NÃO é preciso ser feliz para sentir o VALOR da Fé, isto é, o valor da existência como uma coisa que tem sentido, que é conforme  com a nossa limitada razão. A hora em que vivemos é uma hora terrível, ainda mais desorientadora que as horas em que o mal parecia dominar tudo. É como uma cheia, uma inundação tudo cobrindo, confundindo tudo, límpidos rios de doutrina e córregos de infâmia, amazonas de hipocrisias e de sofismas, caudalosos rios da dúvida e puros mananciais da verdade. "Uma criatura viva, que vivamente deseje a verdade como você a deseja, não poderia deixar de sofrer muito". E recordando o que na época acabara de ler no diário de Livingstone sobre os costumes e o estado social e político do povo africano, JACKSON pergunta: Que significa esse espantoso castigo? Porque teriam sido condenados esses povos a uma tal degradação, a tal escravidão? Quem sabe se não se passará, mais dia menos dia, entre os povos ocidentais, o que se passou na África? Não estão eles perdendo o senstido da universalidade  cultural por exagero de cosmopolitismo material?  Não é fato que à hora em que o mundo todo se sente ligado pelo ferro e a eletricidade, todos nós somos mais ou menos vítimas de exacerbação nacionalista? E no momento de generalização democrático-socialista nào é que estão a surgir poderosas expressões do poder pessoal? Não virá aí uma nova Idade Média antes de Carlos Magno (onde houver um homem forte aí está a lei)? A quem crê na Igreja, afora pensar que tudo isso pode anunciar o fim do mundo, ainda resta a hipótese de uma crise final, antecipando melhores dias, e a outra de que  um deslocamento no eixo moral da terra, a civilização  que avança para outro lado, deixará mais uma vez a Europa e vizinhanças na treva e na ruína".

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