sexta-feira, 22 de junho de 2012

UNIDADE NA IGREJA EXIGE UM PREÇO

Face às nuvens sombrias que parece rondarem atualmente os corredores vaticanistas, acabo de ler um trecho de John R. Quinn, arcebispo americano, escrito em 1996, merecedor de uma meditação realista. Discorrendo sobre pedido do papa de então rezar-se pela unidade da Igreja Católica, esceveu o seguinte: "No caminho ecumênico para a unidade, a primazia pertence à oração comum, à união orante daqueles que se congregam à volta do próprio Cristo. A oração, continua, é o elemento crucial para o diálogo fraterno, devendo-se, contudo, saber que a UNIDADE CRISTÃ haverá de cobrar um preço. Exigirá disposição para o sacrifício. A oração molda e purifica o coração para as grandes coisas que Deus exige. Deve haver não apenas a busca de uma estratégia, deve haver também uma espiritualidade de unidade cristã. Seria uma ilusão se os católicos pensassem que a busca da unidade é uma dinâmica na qual ortodoxos e protestantes operam várias mudanças e assim estabelecem plena comunhão com a Igreja Católica, enquanto esta permanece imutável em todos os aspectos. Temos de encarar o fato de que, em função da unidade cristã, a Igreja Católica deverá fazer significantes mudanças estruturais, pastorais e canônicas. Colegialidade, participação do laicato, descentralização e maior abertura para a diversidade são obviamente as áreas nas quais a Igreja Católica terá de mudar. O papa de então, João Paulo II, tinha muito a peito a unidade cristã. Devia estar convencido de que o papado, tal como existia então, - e mais ainda hoje, acrescento eu - não tinha nenhuma possibilidade ecumênica. Para ter uma possibilidade ecumênica era preciso que ele mudasse. A unidade haverá de cobrar SEU PREÇO. E esse preço NÃO serão MUDANÇAS COSMÉTICAS! ("REFORMA DO PAPADO", PP. 17/18).

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