segunda-feira, 4 de junho de 2012

OS EXEMPLOS ARRASTAM

Do livro recentemente aparecido: "THOMAS MERTON - Uma vida com horizonte", escrito pela religiosa Maria Luísa López Laguna", procuro compor minha mensagem de hoje. E o faço roubando do monge Fernando Beltrán Llavador (Salamanca) algumas ideias,ao apresentar no prólogo a referida obra, homenagem a THOMAS MERTON (1915-1968) no quadragésimo aniversário de sua morte. "A função dos livros é servir de intermediário, não de verdades, mas de HOMENS AUTÊNTICOS, verdadeiros, exploradores solitários, sem os quais não haveríamos nunca descoberto os mais belos campos da aventura espiritual humana. Há aqueles que escrevem livros originais. E há os que escrevem livros sobre os que escreveram livros. Estes últimos, neste caso, "esta última - por ser autora -" , não são menos originais que os primeiros. E os primeros necessitam desses últimos que são os tentáculos amistosos e desinteressados, providenciais e gratuitos, entusiastas e cordiais que nos levam pela mão lá onde a timidez ou a indiferença, o medo ou o respeito humano nos impedem de entrar. Ao ler MERTON sempre tive a impressão de que havia chegado tarde em tudo o que se referia a ele. Às vezes nos acontece isso quando lemos os místicos. Uma missão deles é ensinar-nos o que possivelmente há tempos nós já vivemos, mas não nos damos conta disso, porque o experimentamos forçada ou inconscientemente. E assim nos parece que ou perdemos o tempo ou erramos o caminho. Ou que eles são de outra espécie. Quando eu ingressava no convento, MERTON morria em Bangkok. Na biblioteca do noviciado tínhamos só um par de livros dele. Quando perguntei quem era, alguns de meus irmãos monges quase não o sabiam ou suas respostas eram esquivas e evasivas (até me recomendavam não ler todos os seus livros, só alguns, os mais espirituais...) Fiquei sem saber por que MERTON despertava suspeitas entre os monges. Nos primeiros anos de formação fui recebendo pouco a pouco mais algumas obras (algumas quase às escondidas, com certo mistério... quase me sentindo culpado ao lê-las), e creio que, nas leituas públicas do refeitório ou de outros lugares nunca se leu MERTON. Poucas vezes o ouvi citado textualmente em palestras, homilias e conferências nos mosteiros. Talvez isto requeira um estudo algum dia! Um dia comentei com um grande sacerdote que talvez me fizesse monge; ele me deu um livrete de poemas de MERTON. Mas não o li, porque uma professora me disse que se tratava de um "protestante", e o livro andou rodando por minha casa durante um tempo. Ao ingressar no mosteiro o trouxe comigo. Já sabia que MERTON era um monge cisterciense". Numa carta de MERTON ao Papa João XXIII ela dizia: parece-me como contemplativo não precisar encerrar-me na solidão e perder todo o contato com o resto do mundo; melhor, este pobre mundo tem direito a minha solidão. Que uma missionária deixe por um tempo os "infieis" do ocidente e venha missionar em língua espanhola e que além disso o faça não para nos expor suas experiências de "métodos de conversão"senão para nos descobrir a presença próxima de um contemporâneo ocidental nosso, fazendo que sua maneira de missão seja para nós um gesto de amizade mais que de ensino.

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