quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A PULSEIRA DO ZEPÉRRY

A gratificante surpresa que tive, quando, há um mês, visitei com o neto Gael a exposição do "PEQUENO PRÍNCIPE" na OCA em São Paulo, foi dar de cara, de repente, com a PULSEIRA usada por SAINT-EXUPÉRRY ao ser metralhado pelos aviões nazistas. Notícia do fato eu já tivera, bem como já ouvira de meu irmão Plínio que em Santa Catarina existia uma aldeia chamada ZEPERRY, alcunha bem brasileiramente derivada do nome do aviador-poeta que por aquelas bandas gostava de fazer uma parada. Mas tocar com os olhos a PULSEIRA, presente da esposa, e por 58 anos guardada no fundo do mar e hoje em solo brasileiro, causava-me uma sensação semelhante a que me possuiu, quando, do alto de uma montanha de Petrópolis, vislumbrei, primeira vez, a Cidade Maravilhosa e seus esparramados mares. Dias depois, indo meu filho a Paris, a trabalho, pedi- lhe me encontrasse o livro mais recentemente publicado sobre Saint-Exupérry. E me trouxe o "ST-EXUPÉRRY L`ULTIME SECRET", de Jacques Pradel e Luc Vanrell. Estes escritores narram uma história parecida com outra ocorrida no Brasil no século XVIII. Ordenou-se lançassem no rio Paraíba uma rede a fim de se recolher o alimento para o almoço do conde de Assumar. Mas as águas estavam em greve. Depois de algumas tentativas infrutíferas, já sabemos o que trouxe a rede: a imagem tisnada de Nossa Senhora Aparecida, padroeira hoje de nossa pátria. Na França era uma segunda-feira, 7 de setembro de 1998, onze anos atrás. Do oeste do porto de Marselha, o "L`Horizon" parte em direção do arquipélago de Riou. Após hora e meia de mar, o barco de pesca é colocado em ponto morto. Na cozinha de bordo, enquanto se pragueja contra o mau tempo, sorve-se um café quente, dirigindo-se o "L`HORIZON"para Considaigne onde a rede será levantada. Ativa-se o sarrilho. Esvazia-se a carga dos peixes e dos detritos: pneus, garrafas pedaços de metais, sobre o convés. Regressando-se ao porto, rejeitam-se as pequenas presas, armazenando-se os peixes em tinas. Habib, um dos dois pescadores, apanha uma concreção enegrecida. Ao tentar devolvê-la ao mar, um ponto brilhante lhe chama a atenção. Coloca o objeto no torno, quebra a ganga, exala-se um odor nauseabundo. Surge um bracelete quebrado, com uma placa de identificação enegrecida, de prata, parece. O outro pescador, Jean- Claude, pergunta: "Tudo bem aí atrás?" " Olhe o que achei", responde Habib. Minutos depois, na cozinha de bordo, raspada e lavada, a placa revela um prenome: Antônio. Jean-Claude dá uma gargalhada: "Sem dúvida algum pescador do lugar. Os Antônio sempre perdem tudo. É seu segundo prenome como o do seu falecido avô. Mas Santo Antônio de Pádua é também quem tudo encontra, por menos rezas que se lhe dirigem". Súbito, aparece o nome por inteiro: ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRRY. Lê-se a seguir CONSUELO, o prenome da esposa do escritor, seguido da menção:C/O REYNAL AND HITCHCOCK INS. 386 4TH AVE. N.Y.C.U.S.A. Primeiro desejo de Jean-Claude: oferecer essa joia a seu neto para ele guardar uma particular recordação de seu avô. A avó, porém, aconselha entrar primeiro em contato com alguém que conheça a história de Saint-Exupérry.

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