terça-feira, 10 de novembro de 2009

LIÇÃO DO PEQUENO PEDESTRE"

Embora nascido em 1938, "O  PEQUENO  PEDESTRE" ainda é um mestre muito atual. Seu autor, VICENTE  GUIMARÃES, dirigindo naquela época em Belo Horizonte um Suplemento Infantil, adquiriu algumas centenas de fãs  mirins. Entusiasmado, fundou a revista "CARETINHA"que, remetida a seu sobrinho JOÃO  GUIMARÃES ROSA, dele mereceu um valioso empurrão: "Tive boa impressão da revista e penso que o filão está sendo bem trabalhado...preencherá brilhantemente  as suas finalidades, e, mais do que isso, evidencia sua capacidade de escritor, especialmente no difícil caminho da literatura para crianças. Parabéns".  Estimulado, VICENTE  GUIMARÃES escreveu e publicou 71 anos atrás  "O  PEQUENO  PEDESTRE", o que o habilitou a ser enviado ao Rio de Janeiro em 1939 para participar da "Semana do Trânsito"como representante do prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitscheck. Antes disto, porém, promoveu  entre as crianças um concurso para saber que nome elas gostariam de escolher para ele que tantas histórias lhes contava. Por unanimidade cravaram no voto a palavra "VOVÔ". O "FELÍCIO" nasceu de uma carta que recebera de uma das crianças que havia perdido o avô chamado "FELÍCIO". Assim nascido e registrado nos corações da infância mineira,  o VOVÔ  FELICIO quis ensinar seus netinhos as principais regras  para andarem nas ruas com bastante atenção e segurança. Foi esta a missão do livro que publicou em 1938:  "O  PEQUENO  PEDESTRE". Uma lição entre outras muitas nele contidas diz o seguinte: "UM  PEDESTRE INTELIGENTE  TEM  SEMPRE CALMA  E  ATENÇÃO, ANDA  OLHANDO  PARA A  FRENTE  E  JAMAIS VAI  CONTRAMÃO", ilustrando com um sugestivo desenho a confusão causada no passeio de uma rua entupida de pedestres indo e vindo sem atenderem ao mais racional princípio que devem seguir as pessoas que andam nas ruas de nossas cidades maiores. Daí: "SE,  NA  RUA  TODA  GENTE  DESOBEDECESSE A  MÃO,  TERÍAMOS  CERTAMENTE  ESTA  HORRÍVEL  CONFUSÃO". Infelizmente não existe  um código de trânsito de pedestres. E no entanto há mais de 70 anos atrás, VOVÔ FELÍCIO já havia contribuído - e quanto! -  para a diminuição do estresse dos transeuntes nos passeios e calçadas de nossas megalópoles brasileiras. Claro que essa regra de ouro consta de nosso Código de Trânsito Brasileiro: "Art 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes regras: I - a circulação far-se-á PELO LADO DIREITO DA VIA, admitindo-se as exceções devidamente sinalizadas." PELO  LADO  DIREITO  DA  VIA! Se você, pequeno pedestre, não entender bem o que significa isto, recorra aos seu vovô que se sentirá muito feliz de lhe explicar! Talvez já naqueles idos se dava mais valor aos carros do que aos pedestres pequenos e grandes! "Mutatis mutandis", o princípio do Código de Trânsito vale igualmente para os que andam nos passeios ou calçadas das nossas ruas. E quem diz que é isso o que acontece? Procure cada um de nós caminhar pelos passeios da Avenida Rio Branco, por exemplo! Quase sempre o recurso é sair ziguezagueando que nem uma barata tonta, porque saber andar na mão e não andar na contramão em passeios e calçadas das ruas, qual a criança de hoje que ouviu falar ou que tenha lido isso nalgum manual de boas maneiras ou de instrução cívica? Para finalizar este assunto, confesso orgulhoso que, além de "O  PEQUENO  PEDESTRE", acompanha-me um livro, editado em 1919 pela Livraria Francisco Alves, Rua do Ouvidor 160, Rio de Janeiro, vigésima segunda edição, intitulado "LEITURA  MANUSCRIPTA", LIÇÕES  COLIGIDAS  POR  B.P.R., aprovado  e adoptado pelo Governo para as Escolas Publicas do Estado, com 126 páginas, reproduzindo textos MANUSCRIPTOS de vários autores com as respectivas maneiras de grafar as letras dos vocábulos e nos ensinando que "devemos escrever correctamente, com estylo, com elegancia... e com calligraphia". Uma hora por semana  os alunos deviam empregar na leitura oral do texto de algum autor, para aprenderem não apenas a escrever corretamente, com estilo, com elegância... mas também para se exercitarem no esforço de decifrarem o conteúdo das palavras escritas, por exemplo, numa receita fornecida por um médico! E ESPECIALMENTE  COM  CALLIGRAPHIA! "A calligraphia é um bom dote no homem, não é por certo o mais precioso, entretanto merece bem que não seja desprezado"("Leitura Manuscripta", pag. 10).   

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