terça-feira, 29 de maio de 2012

TRISTÃO: INESQUECÍVEL MESTRE

À tarde, sentado na varanda da rua Dona Mariana, Botafogo, Rio, ouço um rumor e vejo surgir aquela velha babá de tia Carmen, a PAULA, sobraçando um ramo de rosas cor-de-rosa para Mamãe. Tudo muito natural, mas ligado ao que eu pedia naquela manhã e ao meu estado de espírito. Tive um choque: pela primeira vez uma mensagem atingia em cheio o quarto andar da casa e ficou tinindo por lá, chovendo pétalas e esperança, até terminar o concurso e eu chegar num terceiro lugar, muito distanciado e humilhado. Fiquei pensando, enquanto não veio o resutado: as rosas pareciam ter sido uma promessa de vitória. Depois me pareceram... um consolo! "Você não tirou o concurso", pensei. "Mas não fique triste por isso. Aqui estou eu, aqui estão as minhas rosas, aqui está o meu sinal. APROVEITE A DERROTA, mais do que aproveitaria a vitória. Ao contrário dos processos humanos de procurar sempre a vitória como meio e como fim. Muito mais tarde fui ver que Simone Weil (nota a baixo) tinha tanto horror a vitória que no dia 11 de novembro de 1918, com a vitória dos aliados, fez-se "bolchevista". Depois passou ao anarquismo e estava à beira do catolicismo, quando morreu. O Corção (Gustavo Corção - 1896-1978) não gosta dela. Nem pode gostar... Mas eu gosto porque não sou cientista nem acredito em mim ou na inteligência como uma máquina infalível de pensar" (in "Cartas do Pai", pp. 99, com a data de 24/01/1959).
Obs.: 1. SIMONE WEIL (1909-1943) filósofa e escritora francesa, de origem judaica, participou das Brigadas Internacionais na luta contra Franco, na Espanha, e da "França Combatente". Seus livros, publicados após sua morte, têm forte ressonância místico-cristã.
2. Pelo muito que TRISTÃO me ensina através de seus livros e correspondência, inclusive com Jackson de Figueiredo, impus-me, como gratificante dever de gratidão, levá-l0 à lembrança de quem por acaso encontrar-se comigo na esquina de meu blog.

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