Este, MÃE, é o momento
da TUA plenitude. Enlaça-o
no doce frêmito; ajusta
sua cabeça à TUA, assim de orvalho
umedecida; transfunde
a febre desses largos olhos
aos olhos encobertos de neblina.
Tua criatura TE pertence agora
de maneira perfeita. Face a face
ao primeiro contato FILHO e MÃE
são um todo carnal à maravilha:
a FLOR diante do ESPELHO - o FRUTO
a seus próprios reflexos devolvido.
Dois elos de corrente que se parte
entretanto contínua, que se rompe,
elo sobre elo desdobrado, absorto,
UM a verter, OUTRO a sorver
- perene sangue - a música da espécie.
(O sábio dedo preme a tecla
antes que solta vibre a nota)
Que matiz sobre tela. que madeira
com seus nobres entalhes, ou que pedra
lavrada a escopro conservara
pelas efluências da beleza
o puro ato materno?
(A roca fiou
a estriga e ainda retém
para remate a tecedura)
O FILHO é TEU enquanto suga
o néctar de teu seio. E anseia
pelo TEU morno arfar. E nem escutam
seus ouvidos senão o murmurinho
de embalo (sempre o limbo) da penumbra".
Obras completas - I poesia geral (1929-1983).
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