segunda-feira, 13 de junho de 2016

 NO  CAMINHO  TINHA   UMA   PEDRA


 No livro de CARLOS DRUMOND DE ANDRADE  "ROSA DO POVO" lê-se o poema (pag.156) "CIDADE  PREVISTA", que  me traz a imagem do "PARAÍSO CELESTE". Nesse livro  Drumond faz preceder o poema  "CIDADE PREVISTA" (pag.156)  do poema "AMÉRICA" (pag.150),  onde poeticamente enumera uma série de situações pessoais, de fatos reais, em oito décadas vividos, distribuídos em TRÊS  grupos, cada um deles iniciado por "EU SOU...": "SOU APENAS UM HOMEM", "SOU APENAS UMA RUA", "SOU APENAS O SORRISO NA FACE  DE UM HOMEM CALADO". O conteúdo do poema em sequência (pag. 156) é "CIDADE PREVISTA"). "Na orelha da capa do livro o poeta escreve:: "Os anos de formação foram marcados pela mudança de escola e uma expulsão  do Colégio Anchieta, de Friburgo, em 1919. 'A saída brusca do colégio  teve influência enorme  no desenvolvimento  dos meus estudos e de toda a minha vida. Perdi a fé. Perdi tempo.  E sobretudo perdi a confiança dos que me julgavam".  Li e reli  os poemas "AMÉRICA" e "CIDADE PREVISTA". E  me parece ter vislumbrado as razões do recolher-se habitual do poeta itabirano na sua passagem pelo mundo. No poema "CIDADE PREVISTA" não será que ENXERGO  os passos da sombra da alma de Carlos Drumond no rascunho do poema  precedente "AMÉRICA"? Em cada uma das linhas do grupo "SOU APENAS UM HOMEM" sinto o pulsar de um coração sofrido, desnorteado, desiludido. "SOU APENAS UMA RUA": nesse SEGUNDO grupo DRUMOND se perde no afã de decifrar a essência dos misteriosos elementos que lhe embasam o existir, onde, contudo, é possível "distribuir minha solidão... solidão é palavra de amor, é o desencanto das coisas, é a ânsia de outros  homens que estão silenciosos mas sorriem de tanto sofrimento dominado". NO TERCEIRO GRUPO DO POEMA  "AMÉRICA":  "SOU APENAS O SORRISO NA FACE DE UM HOMEM CALADO",  DRUMOND, enfeixando  o  poema "AMÉRICA" CONCLAMA  OS  POETAS  MINEIROS,  INICIANDO o poema seguinte  "CIDADE PREVISTA" a alongar seus sentimentos atuais, pois  'GUARDEI-ME  PARA  A  EPOPÉIA  QUE  JAMAIS  ESCREVEREI. Cantai esse verso puro,  que se ouvirá no Amazonas, na choça do sertanejo e no subúrbio carioca, no mato, na vila X, no colégio, na oficina, território de homens livres que SERÁ  NOSSO  PAÍS,  UM  PAÍS  DE  TODO  HOMEM", PÁTRIA  DE  TODOS",  UM  MUNDO  ENFIM  0RDENADO,  SEM  DOR, SEM OURO,  UM  JEITO  SÓ  DE  VIVER, UM  PAÍS  DE  RISO  E  GLÓRIA  COMO  NUNCA  HOUVE  NENHUM! Nesse universo novo  (Ap 25,4) DEUS terá sua morada com os homens, ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, as  coisas  antigas  se  foram", será nosso país e será pátria de todos. Irmãos, cantai esse mundo que não verei, mas virá um dia, dentro em mil anos, talvez mais... não tenho pressa. Um mundo enfim ordenado, uma pátria sem fronteiras, sem leis e regulamentos, uma terra sem bandeiras, sem igrejas nem quartéis, sem dor, sem febre, uma cidade sem portas, de casas sem armadilha, um  país de riso e glória como nunca houve nenhum . Este país não é meu nem vosso ainda, poetas. MAS  ELE SERÁ UM DIA O  PAÍS  DE  TODO  HOMEM". No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Então a IGREJA será consumada na glória celeste, quando chegar  o tempo da restauração de todas as coisas. Neste universo novo (Ap. 21,5) Deus terá sua morada com os homens. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, nem dor haverá  mais. As coisas antigas se foram" (Ap 25,4). DRUMOND, NO ALÉM, CONTINUA  SILENCIOSO MAS SORRIDENTE DE TANTO SOFRIMENTO DOMINADO. "SOU APENAS O SORRISO NA FACE DE UM HOMEM CALADO".  

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