MANOELINA DOS COQUEIROS
NARRA TRISTÃO DE ATHAYDE, em "Adeus à Disponibilidade", que visitando um dia o Museu do Ipiranga, em Sào Paulo, soube que o diretor tivera a ideia de colocar, ao longo da escadaria da entrada alguns boiões com água de nossos grandes rios. AFONSO DE TAUNAY, diretor do Museu e antigo colega de infância de Tristão, ribeirinhos do velho rio Carioca, mostrou-lhe o canto vazio onde um recipiente esperava a saudosa água que corria outrora pela frente da Casa Azul de Alceu e pelos fundos o palácio do velho Visconde. Prometeu levar-lhe as águas que haviam dado nome aos habitantes da ex-capital federal do Brasil e que tinham fama de tornar melodiosa a voz dos que a tomavam. Armado de duas garrafas, dirigiu-se às nascentes do velho rio, pelas bandas do Cosme Velho. Perguntando a algumas lavadeiras cujos antepassados eram escravos quando aquelas águas eram livres, então já estavam canalizadas, indicaram-lhe a cascata que descia pela encosta do Corcovado. "Enchi de água pura os jarros que levava, escreve TRISTÃO, e, á saída, como era ao tempo daquela "Manoelina dos Coqueiros", gritaram-me de longe as lavadeiras, espantadas com o meu gesto: "Ô moço, olhe que isso aí não é água da Santa dos Coqueiros!" MANOELINA DOS COQUEIROS, falecida aos 14/03/1960, foi uma adolescente pobre, honesta, fervorosa, residente em Dom Silverio (hoje Crucilândia) município de Bonfim, MG, que andou virando a cabeça de muita gente de Minas e do Brasil. Curada de uma tuberculose por um anjo, em gratidão passou a vida a fazer caridade e a fornecer água benta aos romeiros que de todo o país a ela recorriam. Num cômodo de terra batida construíra um altar com imagens de santos, junto do qual atendia os fieis, sempre trajada de uma túnica azul e com a cabeça coberta com um veu branco. Sempre com um terço na mão e cantando, alimentava-se de água e vinho e dormia num catre sem colchão nem roupa de cama. Filho, em Bonfim, MG, do dono de uma pensão que num forde 29 conduzia hóspedes à casa de Manoelina, um belo dia espremi-me num canto da furreca e fui ver a santa. Faz isto setenta e três anos. Retenho até hoje com nitidez o momento em que colocou as mãos sobre minha cabeça e me abençoou. Hoje lamento ter-me abandonado um pequeno livro encontrado num sebo do Rio, escrito por jornalistas da revista Cruzeiro, na década de 30 do século passado, com depoimentos de várias pessoas do Rio que, pela Central do Brasil, desciam no ponto final na cidade de Entre Rios e a cavalo ou carro alugado visitaram a SANTA DOS COQUEIROS.
segunda-feira, 17 de março de 2014
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