quarta-feira, 28 de setembro de 2016

FAZ   AMANHÃ   75   ANOS   MINHA   DESPEDIDA   DO   LAR   PATERNO

SÁBADO, 27/09/1941. Além de pai, mãe e irmãos, 12 vivos, fui o prmeiro a deixar o lar paterno, num 'V8' do funcionário da Texaco; meu pai ao lado, destino: Belo Horizonte. Um mês antes, carta do CARAÇA assinada pelo seu Superior, Padre Antonio da Cruz, numa frase curta impositivamente lacônica avisava: "A entrada no Caraça é no dia  29 de setembro". E dentro: lista do enxoval a ser apresentado no ato da matrícula. Nem idéia fazia eu do que me esperava.  Pernoitamos na casa da tia Aurora na capital mineira. Tarde de sábado, domingo, manhã de segunda: um pássaro fora do ninho. DIA 29/09/41: a Segunda Guerra entrava no terceiro ano de barbárie; faltavam dois meses para o Japão forçar os EUA a sairem  da toca: dezembro de 1941.  Como num beco de entrada apenas, eu mal acompanhava a fuga rápida do tempo. Recebeu-nos Santa Bárbara. AGUARDADOS  por dois sacerdotes, almoçamos no "Hotel Quadrado". E na carroceria de um caminhão pequeno, debaixo de um aguaceiro e de um copo de vinho na casa do Sr. Squarcio,  EM BARRA FELIZ, voltamos à chuva que nos deixou depois de 16 curvas, ladeira acima, defronte de um portão carrancudo guardado pelo dono do casarão, o Padre Cruz. Sorridente e manso, saudou-me: "Oh! seu inglês disfarçado!"  Era noite do dia 29 de setembro de 1941. Do colo de minha mãe terrena caí nos braços de minha mãe do Céu: NOSSA SENHORA  MÃE  DOS  HOMENS, DO CARAÇA,  MEU SEGUNDO LAR MATERNO. À sua sombra, ali deixei dez anos de minha existência: cinco como aluno (1941-1946) e outros cinco como professor (1955-1960).

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