segunda-feira, 7 de março de 2016

DESCEU   AOS   INFERNOS

"A REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO contém superabundantemente a VERDADE para a época a que for dirigida. Mas  somente A PODE CONTER EFICAZMENTE,  se, caindo nos corações de fiéis a Deus, estes  dela se apropriassem, pela reflexão sobre o NÚCLEO  da VERDADE recebida de Deus. É muito simples o que queremos dizer, como simples é, aliás, o mistério divino que se encontra no fundo de toda palavra divina  como veremos agora, ÀS  VÉSPERAS  DA  PÁSCOA, meditando sobre o dogma da REDENÇÃO DA HUMANIDADE, conforme esta verdade tem sido entendida diversamente pelos fiéis da Igreja ORIENTAL e pelos fiéis da Igreja OCIDENTAL. A Igreja Oriental abraçou e conservou, por exemplo, focalizando especificamente o dogma da REDENÇÃO ("DESCEU  AOS  INFERNOS", isto é, AO LIMBO  ONDE  ESTAVAM  as  almas  falecidas gozando da amizade de Deus) uma DETERMINADA  TRADIÇÃO que a Igreja Ocidental bem mais cedo deixou escapar. A imagem da REDEENÇÃO (NO TOCANTE  ao dogma "DESCEU  AOS  INFERNOS"), da  IGREJA  OCIDENTAL  está centralizada na figura do GÓLGOTA: o CRUCIFICADO  entre os dois ladrões, com a assistência de Maria, figura da Igreja, mãe dos fiéis, e de São João, o apóstolo do Amor a cuja guarda ela é confiada. É a imagem  do homem  DAS DORES (enquanto a divindade  permanece escondida) e do aspecto  terrível que o sofrimento CAUSA SOBRE AS PESSOAS. O fruto celeste permanece ainda mais  oculto no simbolismo dos LADRÕES. Mas para A  IGREJA  ORIENTAL a imagem da REDENÇÃO  está  centralizada na DESCIDA  DO  CRISTO  AOS  INFERNOS (AO  LIMBO), na  abertura forçada  da porta até  então  fechada, na mão do Redentor estendida ao primeiro ADÃO, que não ACREDITANDO NOS  PRÓPRIOS OLHOS CONTEMPLA A LUZ PASCAL  nas trevas da morte DO LIMBO. É assim que os PADRES   ORIENTAIS  sempre apresentaram  a Redenção nas suas pregações, assim que os Bizantinos e os Russos figuram   o acontecimento redentor do outro lado. Deixemos a palavra a  um dentre eles para nos abituarmos  ao som de sua voz: "Que é isto?  Um grande silêncio reina hoje sobre a terra, um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio porque o rei dorme. A terra tremeu e se acalmou, porque Deus adormeceu na carne e porque ele foi  despertar aqueles que dormiam desde séculos. Deus está morto na carne e os infernos estremeceram. Deus adormeceu por um lapso de tempo e despertou do sono aqueles que descansavam nos infernos ("DIEU", Hans URS VON BALTHASAR).                                                                                                                                                    

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