segunda-feira, 2 de novembro de 2015

DIA   DE   NOSSOS   MORTOS

Dizem que os monges trapistas, quando se cruzam nos conventos, saúdam-se com esta frase em latim: "Memento mori", recorda-te que deves morrer. Thomas Mérton lembra que se trata de uma lenda. Talvez algum devoto, notando imagens de santos carregando uma caveira tivesse assim imaginado. Na Quaresma a Igreja  nos lembra: "Lembra-te que és pó e ao pó hás de tornar". "Non omnis moriar", escreveu o poeta Horácio.  Hoje, se no programa da Globo News, em pauta, fosse eu dizer o que gostaria fosse lido na minha sepultura optaria pelo pensamento de Horácio: "Não morrerei totalmente!" A morte me parece uma ponte, uma passagem, entre a vida mortal que cessa e a vida  futura que se inicia. Daí, aliás, ter meu mano colocado na lousa da sepultura de nosso pai: "A Vida começa com a Morte". Em outras palavras: Com a morte, "Vita mutatur, non tolitur".  Creio na ressurreição da carne,  na vida eterna!". Finalmente, terminando este dia de nossos ausentes, o General de Sonis, saudando a rainha da França no dia de seu natalício: "Nada mais vos desejo hoje senão uma boa morte!" A assistência petrificou-se. Sonis era  católico, singularizou-se, pois não, mas a rainha lhe agradeceu comovida. Nosso Guimarães Rosa escreveu que a gente não morre mas fica encantado. Daí, quem sabe, ter ele aconselhado: "devíamos treinar para morrer. Se a morte é o que há de mais certo e garantido em nosso futuro,  por que não  fazer os preparativos, sem mais tolices", segundo me contou seu afilhado e primo Vicente Guimarães Junior. "Eu treino para morrer, dizia ele, deito-me bem tranquilo em ambiente escuro e silencioso, concentro-me no pensamento de que estou perdendo as forças, que não posso me mover, aos poucos a vida se esvai. Os membros estão duros e já quase não enxergo. A respiração falha! TENHO SAUDADE DO CÉU". ISTO  ME PARECEU POESIA PURA, DE UM BOM GOSTO E PROFUNDIDADE QUE NÃO MAIS ESQUECI".

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