segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A "MATER ET MAGISTRA" de JOÃO XXIII E SUA ATUALIDADE

Em 1961, por ocasião do septuagésimo aniversário da encíclica "RERUM NOVARUM", do papa LEÃO XIII, sobre a doutrina social da Igreja Católica, o Papa JOÃO XXIII publicou a encíclica "MATER ET MAGISTRA", um dos documentos sociais memoráveis da História da Humanidade. Recordemos o que Alceu Amoroso Lima escreveu em carta à sua filha religiosa beneditina (07/VII/1961), sobre esse documento "feito, segundo ele, para durar e não apenas para impressionar, como tudo que é apenas provocado pelas circunstâncias do momento:"aere perennius". Caracteriza-o, primeiro, a "SERENIDADE. Nenhum anátema, ou partidarismo, ou vinculação política, destinado a UNIR os homens, as classes sociais, as civilizações. Donde o seu "UNIVERSALISMO", explicitando perfeitamente o catolicismo da Encíclica, realmmente católico, isto é, universal". "Parece um sonho poder chegar a um denominador comum esse universalismo de um documento, apresentado ao mundo moderno, para povos altamente industrializados, num contraste de regimes políticos dominados por economias de fartura e de miséria, apresentado à humanidade em situação social realmente babélica em face do paradoxo de novas técnicas preponderantemente unitivas. Trata-se de uma mensagem modelar de equilíbrio e de proporção, repontando nela um real "ESPÍRITO DE COMUNIDADE": colocando cada coisa no seu lugar devido, dando a cada um o que lhe pertence. Sinalizado pela verdadeira justiça e prudência. Sem excludência da caridade, pois construído no amor em que de fato se assenta a esperança do mundo. Não ditado pela prudência da carne, sinônimo de pusilanimidade, e sim do espírito numa aplicação dos princípios gerais aos casos particulares. Donde outro distintivo da "MATER ET MAGISTRA": a sua "OPORTUNIDADE". Julga Tristão ter sido Gambetta que apelidou Leão XIII de "oportunista sagrado". "São termos que 'hurlent de se trouver ensemble'. O que é sagrado pode ser 'oportuno' ou 'importuno', segundo a famosa distinção paulina. Mas não pode ser oportunista a mensagem de João XXIII, o que seria a redução da oportunidade a um interesse pessoal ou coletivo, de acomodação mesquinha às circunstâncias. Por oportunismo seria outra a sua linguagem, seria a linguagem do tempo: febril, apaixonada, categórica, condenatória ou laudatória, inflamada e extremista, em estilo brilhante e contundente, forçando os homens a opções radicais, seria um documento intolerante e anatematizador. Não é oportunismo o que há nesse importante documento, "aere perennius". Longe de se estranhar a calma, a ponderação com que aparece revestido numa época trepidante e dinâmica, em plena mutação, não seria isto um anacronismo? Ou um oportunismo? Ou uma tímida imparcialidade, por temor de se comprometer e ser ultrapassado? Vejo, ao contrário, escreve Alceu, nessa linguagem uma adequeção perfeita não só à natureza da mensagem de uma instituição de ordem sobrenatural como a Igreja Católica, mas ainda de profunda sensibilidade às verdadeiras necessidades e ânsias do homem moderno. Donde dirigir-se ao homem moderno como ao mundo moderno pois aplicado ao que é eterno. Talvez seja até essa a razão profunda da inegável ressonância que está tendo e do modo como foi recebido nos meios sociais ou ideológicos mais contraditórios". Segundo Tristão, foi a universalidade, o espírito ecumênico que dominou a encíclica. Nenhum propósito de fechar a Igreja, de separar as nações ou as classes sociais, de organizar cruzadas ou lançar anátemas. E sim uma preocupação dominante do BEM COMUM, nacional e universal.

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