sexta-feira, 30 de agosto de 2013

NO CAMINHO TINHA UMA PEDRA

Na sua coluna de hoje, 30/08/13, NA FOLHA, MARINA SILVA cita CLAUDE LE GUEN, que escreveu em seu "Édipo Originário" o seguinte: "É impossível AMAR A SI MESMO, sem ANTES TER AMADO A OUTRO". TALVEZ SEJA TAMBÉM IMPOSSÍVEL INVESTIR em si mesmo sem antes ter INVESTIDO no outro.Isso pode ocorrer, QUANDO SOMOS PRIVADOS DO INVESTIMENTO DO OUTRO." Daí a conclusão inteligente de Marina: "Isto pode ocorrer quando somos privados do investimento do outro, quer sejam cuidadores próximos: pais, avós, professores, amigos, ou cuidadores distantes, associados a instituições civis ou religiosas. Sem a inscrição de seus IDEAIS IDENTIFICATÓRIOS em nós não há COMO elaborarmos uma PROMESSA DE EXISTÊNCIA SIGNIFICATIVA, digna de AUTO-INVESTIMENTO RELEVANTE. Se os ideais, continua MARINA, não ocorrem nem na FAMÍLIA, nem na ESCOLA, nem na SOCIEDADE, não há COMO ter PROJETO de VIDA e resta o DESERTO. NELE brotam os nem-nem-nem, que, pela PRIVAÇÃO SÓCIO-AFETIVA são esvaziados do DESEJO, imprescindível para SE VIVER. SER OU NÃO SER, tanto faz, não há questão!" E a jovem promissora política dos 20.000.000 de votos de um recente passado conclui: "SEM TETO, SEM TERRA, SEM EMPREGO, SEM EDUCAÇÃO, abram alas para a TRAGÉDIA MAIOR dos SEM-DESEJO!!!" É o que MARINA nos põe diante da consciência à REFLEXÃO, CITANDO JOANA MONTEIRO, FGV: "OS NEM-NEM-NEM: EXPLORAÇÃO INICIAL SOBRE UM FENÔMENO POUCO ESTUDADO" MOSTRA QUE 1.500.000 DE BRASILEIROS ENTRE 19 E 24 ANOS, NAS FAIXAS MAIS POBRES DA POPULAÇÃO, NEM TRABALHAM, NEM ESTUDAM, NEM PROCURAM EMPREGO. Um contingente numeroso e crescente, capaz de impactar a ECONOMIA e o AMBIENTE CULTURAL nas próximas décadas. IDEAL A SER VIVIDO, ANTES QUE SEJA TARDE!!!

domingo, 25 de agosto de 2013

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

Trata-se do título de um poema escrito pelo pastor e esritor inglês, John Donne em sua obra "Poems on Several Occasions. Esse livro fala do absurdo de uma guerra, sobretudo civil, travada entre irmãos. O sentido do título "Por quem os sinos dobram" está contido no seguinte pensamento: "Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade". Em outras palavras: "A morte de cada homem me diminui, porque faço parte da humanidade". Eis por que se pergunta: "Por quem os sinos dobram?" só pode ser por mim! Ernest Hemingway (1899/1961) adotou o referido título em livro por ele escrito em 1940 sobre a Guerra Espanhola (1937). Em época anterior, o poeta latino Terêncio exprimira a mesma idéia com a frase: "Nihil humani a me alienum puto" (não pode ser estranho a mim tudo que ocorre com um ser humano); sobretudo, como ocorre agora na Síria, e em diferentes regiões do mundo embora sob aspectos diversos, quando são vítimas de holocaustos crianças inocentes, jovens, adultos extirpados da vida traiçoeiramente. Perderam os humanos o sentimento, inato até na natureza irracional, de que "entre todos os presentes oferecidos à raça humana nada existe mais doce ao ser humano do que as crianças?" Às vezes tem-se a tentação de acreditar-se na conhecida frase de Hobes: "Homo homini lupus". É em momentos como esses que os cristãos, colocados diante de acontecimentos semelhantes, devem chegar à conclusão de quão infinitamente foi grave a desobediência de nossos primeiros pais. Pois uma das consequências do chamado "pecado original"foi a privação da harmonia, da paz, que reinava entre todas as criaturas, dom esse preternatural que não se recuperou com a Redenção, restando ao homem com a graça divina esforçar-se para adquiri-lo. Longe, ainda bem, de desesperarmo-nos por essa e outras perdas,basta lembrar-nos de que o sangue de Cristo nos devolveu a Filiação Divina, o que, por si só, valeu a Santo Agostinho traduzir-no-lo por uma das mais consoladoras exclamações: "O felix culpa quae talem ac tantum meruit habere Redemptorem!" Será necessária uma intervenção divina como ocorreu há dois mil anos, com auxílio até de astro, para a proteção já agora de milhões de crianças de países outrora prediletos de Deus, diante do descaso da comunidade internacional?

sábado, 24 de agosto de 2013

AINDA JOÃO XXIII E FRANCISCUS

Em 04/06/1963 faleceu em Roma o Papa JOÃO XXIII, o papa do "aggiornamento", assim apelidado por haver aberto as janelas do Vaticano para um esforço de atualização na administração da Igreja Católica. Neste ano, 2013, com a renúncia de BENTO XVI, assume o leme da barca de Pedro o papa FRANCISCO. Figura que muito lembra João XXIII e cujo pontificado se inicia numa época que, como a de João XXIII, reclama a ação de FRANCISCO para atualizar as decisões do Vaticano II. Eis o que TRISTÃO de ATHAYDE, em carta de 16/06/1963, escreveu à sua filha beneditina: "A figura de JOÃO XXIII aparece como símbolo de uma ERA NOVA não só para a IGREJA como para o MUNDO MODERNO, especialmente na solução do problema social número 1, a coexistência do MUNDO COMUNISTA com o MUNDO CAPITALISTA. Só mesmo a Igreja, acima dos dois, mas não condenando ambos, e sim procurando o que terão de comum no bem, para daí ver como é possível a coexistência realmente pacífica. Só mesmo o nosso JOÃO XXIII conseguiu isso. E justo na hora em que começou a colher o fruto de sua sabedoria quase milagrosa, e quando tinha ainda toda a tarefa do concílio a terminar, bimba! Para ele, a coroa da recompensa sem dúvida. Mas para o mundo, para a Igreja-já sei. Mas ainda assim, preciso desabafar tocar para todas as razões humanas demais e até razoabilíssimas de protestar, de não compreender (só não ouso dizer de...desesperar), para então, jogado o lastro da indignação natural aceitar com calma e até com alegria, o decreto sobrenatural, a decisão de levar um homem tipicamente providencial para Sua Luz, na hora em que o mundo mais precisava dele. Só um argumento me dobra mesmo: é que pressinto nesta minha angustiosa incompreensão aquele motivo humano demais contra o qual me advertia o nosso Dom Sebastião Leme ( cardeal do Rio, falecido em 1942): "SEMPRE QUE VOCÊ AGIR POR UM MOTIVO HUMANO OU EGOISTA, esteja certo de que não está no bom caminho!". E vejo nessa minha incompreensão do gesto da Providência com seu filho JOÃO um motivo puramente agoístico: é porque sua posição veio coincidir com a minha. E então, em lugar de dizer: ele me faltou... digo: ele faltou ao MUNDO ou à IGREJA!" Que o Santo Espírito Divino conceda ao nosso FRANCISCUS as necessárias forças humanas e sobretudo sobrenaturais para prosseguir e avançar na atualização do CONCÍLIO VATICANO II.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

SANTOS INOCENTES DOS TEMPOS ATUAIS

Numa falência múltipla de canais físicos e anímicos para sentir e expressar o horror diante de centenas de pessoas e... santo Deus! de crianças inocentes, de jovens, mães e pais dormindo! vítimas de ataques químicos na Síria, numa região em que Deus se fez homem há dois mil anos; numa porção da terra em que Herodes degolava crianças inocentes temendo entre elas achar-se seu rival, recorro a um capítulo da "História de Cristo", de Giovanni Papini, numa impossível fuga covarde para esquecer o que dificilmente se crê, se vê, mas não se sabe explicar! Havia um tremendo mistério naquela oferta de sangue dos puros, naquela dizimação de coetâneos. Pertenciam eles à geração que deveria trair e crucificar seu Salvador.. Mas estes que o tirano de hoje dizimou eram inocentes e permanecem inocentes na eternidade. Mas que mistério tremendo continua na oferta de puros e inocentes de hoje na Síria? Que me sirvam de lenitivo "as vozes de lamento, gemido e pranto de Raquel chorando seus filhos, recusando-se a ser consolada, pois eles não existem mais! (Jr.31,15)."Eis que choro, vertem lágrimas meus olhos, meus filhos estão consternados, porque o inimigo triunfou. Meus olhos estão machucados de lágimas, fervem minhas entranhas, vendo desfalecerem tantas crianças pelas ruas da cidade!Senhor Deus, o luminoso exército dos mártires, vencidos pelo tirano desprovidos de armas a não ser sua inocência, covardemente executados, proclama a vossa glória, não por palavras, mas pela própria morte, completando na própria carne o que faltou na vossa paixão e morte. Vós que, já na infância, por essas mesmas bandas do Oriente conhecestes a perseguição e o exílio, protegei as crianças que sofrem por causa da fome, das guerras ou da desgraça.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

HIGIENE NO SERVIÇO DE DEUS

Acabo de ler na "FOLHA" do dia, 21/08/13, o artigo "O DEDO NO NARIZ". E fico sabendo que o autor da crônica, Marcelo Coelho, foi objeto de crítica e protestos, até "dos leitores mais fiéis", quando "cometeu a imprudência de compartilhar o fato no Facebook"."Sentado no banco traseiro de um carro prateado, narra o articulista, com câmeras e repórteres querendo entrar pela janela, FRANCISCO fazia uma discreta higiene no nariz". O articulista prudentemente avisa que seu objetivo não era tripudiar a imagem do PONTÍFICE..."Mas achei bom, achei normal, gostei, sorri". E recorda que, "quando criança, em casa de tia, muito católica por sinal, com os olhos puros e verdes fixados nele, pôs o dedo no nariz, e naquela única vez, experimentou o gosto salgado, seco, sem nojo, do que retirara lá de dentro, como o fizera o chefe da Igreja. Pois bem, evento quase semelhante presenciei domingo passado na porta de entrada de igreja católica no centro do Rio de Janeiro. O celebrante, figura esbelta, cumprimentava os fiéis minutos antes de iniciar a eucaristia. Ao deixar o templo, vejo esse sacerdote, já devidamente paramentado, simplesmente roendo sofregamente uma das unhas da mão, no curto intervalo do cumprimento do próximo freguês. No meu tempo de criança freguesia era sinônimo, me parece, de paróquia, donde o qualificativo que uso, freguês. Havia dois anos que fato semelhante presenciara ao participar da missa numa capela em Petrópolis. Tratava-se de um diácono, a ordenar-se sacerdote pouco tempo depois, que, não se contendo então na prática da mania de roer unhas, minutos depois foi distribuir a comunhão aos fieis. Neste ato o celebrante, sacerdote ou diácono, faz uso da mão para levar a hóstia consagrada aos lábios do fiel que a recebe. Pergunto: essa mão estaria devidamente asseada? Objetar-se-á: no ato da celebração da missa pelo menos o sacerdote purifica os dedos antes da consagração. Sem dúvida, mas trata-se de ato simplesmente simbólico, sinalizando a limpeza de alma de quem celebra, donde sem efeito prático de deixar limpos os dedos, as mãos.Esta "ablução das mãos" era necessária depois de o celebrante receber as "ofertas" do povo. Era, e é, ablução apenas das pontas dos dedos, signicando, nos termos das palavras usadas, que se devem evitar também as faltas insignificantes no serviço de Deus.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

TRÊS DÉCADAS SEM TRISTÃO DE ATHAYDE

Ao som ainda lugubremente festivo do bronze que acolheu no céu o espírito de ALCEU AMOROSO LIMA no dia 14/08/1983, três décadas passadas, eis aqui vai, na pena de um de seus melhores admiradores, Fr.Neylor José Tonin, O.F.M. ("GRANDE SINAL", Revista de Espiritualidade, jan/fev/ 1984, O GRANDE MESTRE ESPIRITUAL ALCEU AMOROSO LIMA), "Eis aqui um pouco do que foi AAL, o Mestre Tristão de Athayde, o maior de todos os nossos católicos leigos da história do Brasil. Melhor do que poucas linhas e uma revista inteira que lhe consagra todo o espaço para o louvor de sua trajetória impar e de gigante, é a sua PRÓPRIA PRESENÇA que marcou a vida de nosso povo e a elevou a píncaros nunca antes atingidos. Ele, para nós cristãos, foi mais do que um escritor, um LÍDER SOCIAL e POLÍTICO e mesmo um MESTRE ESPIRITUAL. ELE FOI UM SANTO, UM SEGUIDOR E MÁRTIR DE JESUS CRISTO. Testemunhou a VERDADE, engrandeceu a VIDA, amou o BEM. Foi bom. E por isso pôde escrever: "O amor ensina os homens a morrer e não a matar, a abrir os braços e não a fechar os punhos, a perdoar sempre com alegria e só fechar a porta ao perdão. Assim viveu. E assim permanecerá na memória das pessoas e nos sulcos da luz que abriu na história sofrida de nosso povo. Mais do que alguém que viveu quase 90 anos, TRISTÃO de ATHAYDE é um legado que a identidade espiritual do Brasil NÃO PODE DEIXAR MORRER!" No prólogo do livro de espiritualidade que nos deixou, TRISTÃO justificou o título de "TUDO É MISTÉRIO" escrevendo que na realidade, desde que abrimos os olhos à luz deste mundo, até que o tempo nos conduza ao limiar da eternidade, vivemos sempre rondando em torno de uma PREOCUPAÇÃO incessante: a mesma curiosidade a que se referia Léon Bloy, às portas da morte, cujo mistério indecifrável tentamos desvendar em vão no menor dos grãos de areia como no âmago de cada criatura humana, até merecermos mergulhar para sempre no MISTÉRIO SUPREMO do PAI, que por Amor nos deu a vida e espera que a possamos restituir intacta e purificada ao MISTÉRIO INFINITO da sua PATERNIDADE".
A "MATER ET MAGISTRA" de JOÃO XXIII E SUA ATUALIDADE

Em 1961, por ocasião do septuagésimo aniversário da encíclica "RERUM NOVARUM", do papa LEÃO XIII, sobre a doutrina social da Igreja Católica, o Papa JOÃO XXIII publicou a encíclica "MATER ET MAGISTRA", um dos documentos sociais memoráveis da História da Humanidade. Recordemos o que Alceu Amoroso Lima escreveu em carta à sua filha religiosa beneditina (07/VII/1961), sobre esse documento "feito, segundo ele, para durar e não apenas para impressionar, como tudo que é apenas provocado pelas circunstâncias do momento:"aere perennius". Caracteriza-o, primeiro, a "SERENIDADE. Nenhum anátema, ou partidarismo, ou vinculação política, destinado a UNIR os homens, as classes sociais, as civilizações. Donde o seu "UNIVERSALISMO", explicitando perfeitamente o catolicismo da Encíclica, realmmente católico, isto é, universal". "Parece um sonho poder chegar a um denominador comum esse universalismo de um documento, apresentado ao mundo moderno, para povos altamente industrializados, num contraste de regimes políticos dominados por economias de fartura e de miséria, apresentado à humanidade em situação social realmente babélica em face do paradoxo de novas técnicas preponderantemente unitivas. Trata-se de uma mensagem modelar de equilíbrio e de proporção, repontando nela um real "ESPÍRITO DE COMUNIDADE": colocando cada coisa no seu lugar devido, dando a cada um o que lhe pertence. Sinalizado pela verdadeira justiça e prudência. Sem excludência da caridade, pois construído no amor em que de fato se assenta a esperança do mundo. Não ditado pela prudência da carne, sinônimo de pusilanimidade, e sim do espírito numa aplicação dos princípios gerais aos casos particulares. Donde outro distintivo da "MATER ET MAGISTRA": a sua "OPORTUNIDADE". Julga Tristão ter sido Gambetta que apelidou Leão XIII de "oportunista sagrado". "São termos que 'hurlent de se trouver ensemble'. O que é sagrado pode ser 'oportuno' ou 'importuno', segundo a famosa distinção paulina. Mas não pode ser oportunista a mensagem de João XXIII, o que seria a redução da oportunidade a um interesse pessoal ou coletivo, de acomodação mesquinha às circunstâncias. Por oportunismo seria outra a sua linguagem, seria a linguagem do tempo: febril, apaixonada, categórica, condenatória ou laudatória, inflamada e extremista, em estilo brilhante e contundente, forçando os homens a opções radicais, seria um documento intolerante e anatematizador. Não é oportunismo o que há nesse importante documento, "aere perennius". Longe de se estranhar a calma, a ponderação com que aparece revestido numa época trepidante e dinâmica, em plena mutação, não seria isto um anacronismo? Ou um oportunismo? Ou uma tímida imparcialidade, por temor de se comprometer e ser ultrapassado? Vejo, ao contrário, escreve Alceu, nessa linguagem uma adequeção perfeita não só à natureza da mensagem de uma instituição de ordem sobrenatural como a Igreja Católica, mas ainda de profunda sensibilidade às verdadeiras necessidades e ânsias do homem moderno. Donde dirigir-se ao homem moderno como ao mundo moderno pois aplicado ao que é eterno. Talvez seja até essa a razão profunda da inegável ressonância que está tendo e do modo como foi recebido nos meios sociais ou ideológicos mais contraditórios". Segundo Tristão, foi a universalidade, o espírito ecumênico que dominou a encíclica. Nenhum propósito de fechar a Igreja, de separar as nações ou as classes sociais, de organizar cruzadas ou lançar anátemas. E sim uma preocupação dominante do BEM COMUM, nacional e universal.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

TRINTA ANOS SEM TRISTÃO DE ATHAYDE

De "GRANDE SINAL", revista de Espiritualidade e Pastoral, vol.XXXVIII-1984, transcrevo o trecho, pp.27, "Alceu A.Lima, O Compromisso da Fé", escrito por Fernando Soares Moreira, por ocasião do falecimento de Tristão de Athayde (1893-1983): "Poetas, escritores, os colegas da Academia , parecem ter sido esses os primeiros a intuírem a força de DEUS que NELE (TRISTÃO) se manifestou. Recordo a crônica de José Carlos Oliveira, da qual transcrevo o seguinte trecho: "Alcançar o Cristianismo me parece um.. eu disse "Me parece"; estou falando apenas por mim. Alcançar o Cristianismo me parece uma tarefa para a qual não tenho forças". E acrescenta mais adiante: "Já eu só poderia ser cristão se fosse igualmente católico. Porquanto GOSTARIA de impor à minha existência uma simetria rigorosa. GOSTARIA, mas não imponho. Logo não GOSTO. Por conseguinte, ao contrário do que sugere o meu desejo, venho impondo à minha existência uma assimetria rigorosa... Aceito-me assim tosco e torturado pelas dúvidas que nem dúvidas são, mas sim uma outra tarefa que me impus e que é esta: recusar a diluição do bom no mau, do honrado no desonroso, da decência na indecência... Em outras palavras dar um pontapé no traseiro do Homem Cordial, que é um Filisteu Mascarado, e reconhecer, admirar, procurar aliança e amizade com o HOMEM QUE SE DEFINE... O homem que se define como CATÓLICO, E QUE VIVE ASSIM COMO SE DEFINIU; ESTE, QUANDO DESAPARECE, me deixa desolado por perdê-lo e orgulhoso por tê-lo visto viver; este eu reconheço, admiro, estimo e louvo! Mesmo não sendo católico nem sendo cristão." Estas palavras denunciam o milagre presente na vida de ALCEU que toca, confunde, e inquieta, e ilumina alguém que declara não ter a mesma FÉ. Na verdade, nós o admiramos e reconhecemos sua Sabedoria pelas posicões que assumiu, pelo testemunho que deu. Sua preocupação não era a de que os outros rezassem como ele rezava, nem que fossem diariamente à missa como ele ia. Mas sua PREOCUPAÇÃO - e esta ele divulgava - era a da justiça social, da liberdade, do autêntico humanismo, do carinho com o povo brasileiro, especialmente a preocupação com os que sofrem a pobreza estrutural de nossa sociedade". JOSÉ CARLOS OLIVEIRA (1934-1986), Escritor e romancista capichaba, autor de crônicas muito admiradas. TRISTÃO DE ATHAYDE faleceu em Petrópolis, dia 14/08/1983, um dia antes de se completarem 55 anos de sua conversão ao catolicismo.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A VIRGINDADE DE MARIA SANTÍSSIMA

MARIA SANTÍSSIMA foi VIRGEM ANTES E DURANTE o PARTO de JESUS. Quer isto dizer que o FILHO DE DEUS, Segunda Pessoa da SSma. Trindade, se fez homem NASCENDO de MARIA sem TER, como nós, PAI biológico na terra. Ele já tinha PAI no céu, como Deus, Filho que sempre foi do Pai Eterno. Como HOMEM, pois se encarnou no seio de MARIA, tornou-se Filho de MARIA, MARIA foi fecundada pela ação direta do próprio DEUS, sem o concurso de São José: O ANJO DO SENHOR ANUNCIOU A MARIA E ELA CONCEBEU DO ESPÍRITO SANTO. A geração virginal, a saber, MARIA ter conservado a virgindade antes e durante o parto de JESUS (como também depois do parto) foi o modo pelo qual o PAI quis exprimir na carne humana a sua Paternidade em relação a Jesus. Daí não ser JESUS um mero homem como nós outros, mas ser DEUS e HOMEM, donde não ter nascido como nós humanos. ELE poderia ter nascido biologicamente de JOSÉ e de MARIa, mas era conveniente que ELE nascesse sem o concurso de um varão ("vir", EM LATIM, INDICA O SER HUMANO "MACHO"). Isto é reconhecido até pelo FAMOSO teólogo protestante KARL BARTH (1968). Eis o que escreveu": A fórmula do CREDO "nascido de Maria VIRGEM" indica a SOBERANIA da ação de DEUS; significa "JESUS ter nascido como jamais alguém nasceu, ter visto a luz de maneira biologicamente tão impossível quanto é impossível a ressurreição de um morto, isto é, TER SIDO CHAMADO À VIDA não em consequência de INTERVENÇÃO DO VARÃO, mas unicamente POR GRAVIDEZ DA MULHER" PELA AÇÃO DE DEUS"("Dogmatique",I,II,1). MARIA SSMA. é justamente chamada "GRATIA PLENA", cheia de graça, pelo fato de ter dado à luz JESUS CRISTO, concebendo e dando à luz o FILHO DE DEUS, permanecendo VIRGEM. A MATERNIDADE VIRGINAL DE MARIA prova e salienta o PAPEL da MULHER na obra da REDENCÃO do Gênero Humano: numa palavra, JESUS CRISTO não está ligado à obra de salvação do Gênero Humano senão por meio de MARIA! Concedendo tão valiosa função à MULHER, a MARIA SSma., o Senhor Deus quis abrir o caminho à exaltaçào da MULHER e mostrar a importância que ELE atribuiria a esta na IGREJA.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

C U R I O S I D A D E S

Quando aluno da UEG, Universidade do Estado da Guanabara, Rua do Catete, Rio, a assistente do titular de Direito Comercial, a propósito de que não me lembro, contou-nos que tudo que ocorre de extraordinário no mundo, como compra de terras na lua (ou agora em marte), pode-se ter a certeza, tem norte-americano ou mineiro como protagonista! Exemplo recente, creio, vem do Estado do Tennesse, USA. Uma juíza impediu que um bebê de 7 meses fosse registrado com o nome de MESSIAS, sob a alegação de que na terra há apenas uma pessoa que tem direito ao nome de MESSIAS, a saber, JESUS CRISTO. Como no batismo o bebê recebera o nome de MESSIAH DESHAWN MARTIN, a juíza BALLEW definiu que seu nome civil seria MARTIN DESHAWN e MC-CULLOUGH. A medida, segundo a jurídica, visava a evitar que no futuro o nome MESSIAH pudesse ofender alguém "num condado com tantos cristãos"! A mãe do garoto justificando o nome dado confessou que foi escolhido, não por motivo religioso, mas por causa de sua SONORIDADE. MESSIAS no hebraico significa "ungido", sendo o termo o título dos reis israelitas, que evitavam o título cananeu MELEC , título de soberanos; como título de deuses pagãos MELEC transformou-se no grego em MOLOC. MESSIAS no grego também significa "ungido". No tempo de Jesus Cristo MESSIAS era o nome por que era conhecido porque a Ele se ligavam as profecias de salvação escatológicas. Jesus, aliás, reconheceria sua MESSIANIDADE (Mc.14,62), quando, perguntando-lhe o Sumo Sacerdote se era o MESSIAS, Jesus respondeu: "Eu sou e vereis o Filho do Homem sentado à direita do "PODEROSO" e vindo com as nuvens do céu". MESSIAS substituía o qualificativo de "JAHWEH" que os judeus evitavam pronunciar. O mesmo se dá com o "PODEROSO", no v.62, ibidem. Como se vê, Jesus não gostava de ser chamado de MESSIAS ou de PODEROSO.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

DIA DOS PAIS

EU SEI QUE FOI ONTEM! Mas só agora dei conta de que, não o tendo celebrado da forma como o explora o comércio, o que é triste, pouca atenção reservei ao meu pai no DIA a ELE, que cedo Deus levou, especialmente consagrado. Deve ser pequeno o número dos filhos órfãos, sobretudo quando marmanjos, que, a não ser por alguma circunstância casual, distinguem o dia com especial homenagem. E foi o meu caso. Afora uma saudação virtual, envolta em recordação de um passado marcante, ou em forma de uma prece, aos ambientes etéreos, celestes, lançada ao PAI de nós todos na palma da mão, quantos serão aqueles que, no Campo Santo que lhe guarda os despojos preciosos até a sua ressurreição final, ao clamor das trombetas angélicas, refizeram o trajeto amargurado de uma definitiva separação de lacrimoso adeus! À leitura, porém, de um colunista da Folha de São Paulo, encerrando OPORTUNAS considerações à vista de nuvens sombrias à espera de nossos filhos e netos, aqui vai o que escreveu e me tocou: "PAI É PARA SEMPRE! Mesmo quando não está mais entre nós. Por isso, dedico a coluna desta segunda-feira especialmente àqueles que, como eu, ainda não SE ACOSTUMARAM com a CADEIRA VAZIA NO ALMOÇO de DOMINGO!". Foram estas palavras que me levaram a dedicar este "lendmain" do DIA DOS PAIS, esta segunda-feira de amena temperatura de inverno carioca, ao som solitário de refrescantes vozes de centenas de adolescentes em recreio no vizinho Colégio Santo Inácio, bem no centro do Rio de Janeiro, àquele pai que ao lado de minha mãe não cessa de interceder por mim.

domingo, 11 de agosto de 2013

50 ANNOS sem JOÃO XXIII - 30 ANOS sem TRISTÃO

NO ANO EM CURSO dois sentidos desenlaces afloram espontaneammente em nosso espírito. O papa JOÃO XXIII faleceu dia 03/06/1963 e TRISTÃO DE THAYDE no dia 14/08/1983. Em sua obra "JOÃO XXIII" Tristão, magoado, citou a frase do Cardeal Siri, de Gênova, um dos papáveis do conclave que escolhera JOÃO XXIII: "Serão precisos 40 anos para a Igreja recuperar o que perdeu em 4", numa clara e infeliz referência ao período de pontificado do papa pranteado. E não contendo seu íntimo mal estar continuava: "Quando ouço uma frase dessas compreendo que esforço infinito é preciso para não odiar o próximo. E dizer que são homens dessa qualidade que vão escolher, por eleicão, o sucessor de JOÃO XXIII. Por essas e outras é que não consigo aquietar meu coração, por mais que me convença de que quem vota não são os A ou os B, mas o próprio Espírito Santo. Por mais que procure calar a voz das minhas cavernas, não consigo tirar o pensamento do que FORAM ESSES 4 ANOS E MEIO que fizeram progredir a Igreja de 400 ANOS! QUANDO PENSO NESSES 4 ANOS, começo a considerá-los como algo de irreal, de 'trop beau pour être vrai'! Será que vou precisar recorrer a todas as minhas reservas de fé para não cair na blasfêmia, não contra o Espírito Santo, mas contra ESSES VELHINHOS que o próprio JOÃO XXIII olhava com vontade de "rejuvenescê-los" como rejuvenesceu a face do Cristo?" Se vivo fosse o CardeaL SIRI RECONHECER-SE-IA por um lado autêntico profeta e por outro um péssimo analista da vida e do pontificado do Papa JOÃO XXIII? AUTÊNTICO PROFETA, SIM, pois aí está o papa FRANCISCUS, mais ou menos 40 anos decorridos desde a morte de JOÃO XXIII, ao que tudo indicando correr na mesma raia que JOÃO XXIII, num esforço sincero, pastoral, de implementar os sonhos do Papa JOÃO XXIII com a abertura do Concílio Vaticano II. Um péssimo crítico do pontificado de JOÃO XXIII, segundo o que na mesma obra citada escreve TRISTÃO DE ATHAYDE: "De tal maneira me identifiquei com JOÃO XXIII e vi nele o caminho do rejuvenescimento da face do Cristo em nosso século que não consigo ficar à margem. O que vi nesse papa foi o próprio Cristo. Admirei Pio XI e Pio XII. Mas amei JOÃO XXIII. E O AMEI porque a JESUS não se admira. Ama-se. Ou não se ama. Mas é no fundo de nós mesmos que entramos em relação com Ele. E JOÃO XXIII. Quando MURILO MENDES (converteu-se ao catolicismo em 1934) veio ao Rio, há 2 anos, eu me preparava para dar um curso sobre a encíclica "Mater et Magistra"no Centro Dom Vital onde ele fez uma conferêencia em que atacou rudemente a Cúria Romana e até escandalizou. Nada me disse sobre a encíclica e sobre o Papa. Mas ASSISTIU à CONFERÊNCIA. ESTEVE EM ROMA. JÁ NO CONCÍLIO ESTAVA OUTRO. MAS PARECE QUE A "PACEM IN TERRIS" É que o deslumbrou e lhe abriu os olhos. O Papa era realmente um assombro".

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

85 ANOS SEM O JACKSON - 30 SEM O TRISTÃO

"85 ANOS SEM O JACKSON" (1928) - seria este o cabeçalho do artigo de Alceu Amoroso Lima na revista "A ORDEM" do Centro Dom Vital, Rio, recordando, em novembro próximo, como fazia todo ano, num gesto de profunda amizade e gratidão o desaparecimento, no dia 04/11/1928, de JACKON DE FIGUEIREDO na Barra da Tijuca, 85 ANOS DECORRIDOS! Numa profética premonição, na penúltima carta a Tristão de Athayde, 02/11/1928, JACKSON DE FIGUEIREDO escreveria: "...creio profundamente em Jesus Cristo e na Igreja...creio nos fundamentos da terra, creio que a Cruz está bem firmada sobre ela. Basta-me isto! Sinto como que uma alegria específica, uma alegria da humanidade toda. O meu pequenino cachorrismo individual não me impressiona. Vivo aqui, gano ali, coço-me acolá, MAS TUDO ISTO É PASSAGEIRO! vou para a frente atirado no dorso da grande ONDA da vida - PARA ONDE DEUS QUISER! "NO DIA 04/11/1928 isto se realizaria, quando Jackson foi arrastado sobre o dorso de uma ONDA na Praia do Joá, dois meses e pouco depois da conversão de Tristão(1928), 85 anos decorridos! E...30 ANOS (1983/14/08)) SEM O TRISTÃO! JACKSON FOI O INSTRUMENTO DE DEUS para a conversão de TRISTÃO. TANTO ISTO É VERDADE que Tristão, já no redil da Igreja, confessou a Jackson em carta de 18/09/1928 que Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) o descrevera como um "amigo perigoso, pois convencia a gente, até nas ideias que pareciam mais afastadas das dele, como em literatura! E é fato. Eu tenho por vezes receio - confesso a você, Jackson, que retardei minha volta à Igreja por temor de que fosse mais por você do que pela própria fé. Coisa curiosa como a fé está longe do coração dos homens de hoje, e no Brasil então é uma coisa absurda!...Sinto como só as ações convencem os homens. E como um príncipe Ghika (1873-1954) no seu apostolado entre apaches, fará mais pela Igreja que o Sacro Colégio em peso!" 30 ANOS DECORRIDOS SEM TRISTÃO ("Correspondência Harmonia dos Contrastes, tomo II, Alceu A.Lima e Jackson de Figueiredo).

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

UM ENTRE 31.125 DIAS DE VIDA

E ESTE DIA é hoje, 05/08/13. Num inverno carioca de atípica indecisão sobre qual vestimenta usar cada dia, ao calor de ontem, dispensando indumentária de frio, o dia amanheceu-nos sombrio, sem sol, nesta segunda-feira de ressaca. No elevador, dois andares a baixo, uma senhora de meia idade,ao entrar exclama sorridente e feliz contemplando-me e dizendo: "Que bom! o senhor aqui!" Dirigindo-lhe a atenção, surpreendido, sem ainda saber o que responder, ela continuou: "Fulana e eu voltamos há pouco de férias e ela falou-me que fora o senhor que falecera durante nossa ausência". E me vendo vivo, concluiu numa explosão de satisfação fraterna: "Que alegria! Felizmrnte o senhor está bem vivo!"Comecei bem o dia, respondi-lhe eufórico, sinal de que viverei muito ainda!" Regressando pouco depois da visita diária à netinha de 3 anos - lenitivo muito mais vivenciado por "vôs"e certamente por "vós", enclausurados numa indesejada viuvez, a televisão me coloca nos braços de mãe jovem e bonita a criança linda e robusta que, apenas liberta do ventre, é atirada no lixo com vida. A mãe ocultava a gravidez e fora obter remédio no hospital. Antes de ser atendida, de repente corre ao banheiro e dà à luz a filhinha! Fico a meditar sobre a atitude a ser escolhida. Ocultara a gravidez por que? Só ela por certo e talvez o pai conhecessem a causa ou causas! Encurralada psicologicamente, partira para o caminho mais viável no momento. E depressa arrependida voltara ao hospital, identificando-se. Não pude deixar de sentir o peso cristão do pensamento evangélico do poeta latino: "Nihil humani a me alienum puto", isto é, o sofrimento de todo ser humano tem que ser compartilhado por todos e cada um dos componentes da sociedade criada por Deus! Somos todos irmãos, filhos do mesmo pai, resgatados pelo Sangue de Cristo. Não hesitemos em indagar por quem dobram os sinos!