sábado, 22 de março de 2014

JÚLIO   MARIA  NÃO   SOUBE   ESPERAR  O  CARDEAL   LEME

"Consorciar os espíritos (definia o  Pe. Júlio Maria na "Gazeta de Notícias", Rio, 16/03/1898, a IDA AO POVO na qual via o  caminho da verdadeira cristianização do século XX. Pacificar as almas, harmonizar as vontades, com os princípios de uma ordem de coisas. Substituir às questões políticas, erroneamente  predominantes nos governos, nos parlamentos e nos jornais, a questão social, questão por excelência, porque ela afeta os interesses fundamentais do homem e da sociedade. Não mais pleitear privilégios que já não têm razão de ser. Dar aos partidistas intolerantes dos velhos regimes a persuasão de que já não é prudente nem lícito  resistir  no que é justo e legítimo à força nova que agita o mundo. Mostrar aos pequenos, aos pobres, aos proletários que eles foram os primeiros chamados pelo Divino Mestre, cuja Igreja foi logo, desde o início,  a Igreja do povo, na qual os grandes, os poderosos, os ricos, também podem entrar, mas se têm entranhas de misericordia para a pobreza. Sujeitar o despotismo do capital às leis da equidade. Exigir dele não só a caridade mas a justiça a que tem direito o trabalho. Dignificar o trabalhador. Cristianizar a oficina. Levar no ensino cristão os supremos postulados  da consciência humana às fábricas onde a máquina absorve  o homem, não lhe deixando tempo senão para ganhar dinheiro, queimar carvão ou aperfeiçoar a raça dos animais. Proclamar bem alto a eminente dignidade do operário na cidade de Deus que Jesus Cristo fundou na terra, não com as castas, as aristocracias, as burguesias ou as dinastias, mas com o povo e para o povo ("Gazeta de Notícas", 16/03/1898). Lendo isto, escreveu TRISTÃO de Athayde, em 1950, prefaciando o livro do Pe. Júlio Maria, "O CATOLICISMO NO BRASIL", vê-se como nosso patrício soube condensar  as linhas essenciais de nossa evolução religiosa. Neste meio século nada de melhor nesse sentido se escreveu entre nós. Júlio Maria, um analista do passado, sociólogo, intérprete dos acontecimentos, orientador de rumos para o futuro, como reformador social", deixa-nos um exemplo digno, inspirador das novas gerações pela sua intrepidez e pelo seu discernimento profético.

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