sábado, 22 de março de 2014

ARTIGO  DO  PE. JÚLIO  MARIA:  "GAZETA  DE  NOTÍCIAS,  13/03/1898

No dia 13/03/1898, na "Gazeta de Notícias"do Rio, escreveu o padre JÚLIO MARIA o seguinte: "Não há melhor campo para as manobras políticas do que o fanatismo religioso, nem melhor aliado para os sectários dos regimes envelhecidos, dos príncipes  destronados ou das dinastias periclitantes do que a falsa teologia. Certos políticos  sabem-no perfeitamente e eis pois que eles não se cansam de dizer, a católicos e padres que gostam de ouvi-los:  "Sentido!A Igreja periga! O século quer devorá-la. A liberdade é o demônio que agita o mundo. Os reis são os guardas da cruz e se também a Igreja consente que os reis se vão,  ai da cruz de Jesus Cristo..." Isto sem dúvida é uma insensatez, não podemos acreditá-lo. Se o acreditarmos, a experiência o tem demonstrado quem perde é o catolicismo.  Prevenidos contra a democracia e impotentes para deter-lhe a marcha e o predomínio crescente, ficamos sempre entendendo que o melhor alvitre é  desertarmos de todos os combates sociais e refugiarmo-nos nos templos. Triste consequência de tais manobras políticas e  também grande erro nosso.  Porque nós não devemos julgar das democracias pelos anátemas que lhes infligem  políticos obstinados;  não devemos negar nossa cooperação à causa pública. Não nos é lícito, enfim, encastelarmo-nos nos santuários e, contemplando de longe o povo, pensar que fazemos obra de Deus só com as nossas devoções, as nossas festas e os nossos panegíricos... Não é esse, porém, o papel do catolicismo nos tempos modernos. Os católicos e os padres não podem aceitá-los. O nosso dever é mais nobre,  mais patriótico, mais cristão; é fazer  nossa a causa social e, para que a verdade católica triunfe nela, unir, e nun só desideratum, as duas grandes forças do mundo: a Igreja e o Povo!"("O Catolicismo No Brasil", pe. Júlio Maria).

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