segunda-feira, 31 de março de 2014

HISTÓRIA  DA   ARQUIDIOCESE   DO   RIO  DE  JANEIRO

"Em mais de 190 anos de vida política independente, o BRASIL passou por 3 etapas nas relações  da cidade terrena com a IGREJA de Cristo. A primeira, no tempo da Monarquia, consagrou o regime da União da Igreja com o Estado. Em nosso país a união foi mais formalista que orgânica. Não impediu, para citar apenas 2 exemplos,  nem a "célebre questão religiosa" nem o fechamento, pelo poder público,  dos noviciados de Ordens e Congregações.  A República de 1889 estabeleceu a separação dos dois poderes, o espiritual e o temporal, separação tanto mais radical, tanto mais absurda, quanto foi aplicada com uma hermenêutica rigorista que ia muito além do pensamento dos legisladores constituintes. Enfim, a partir de 1921, quando a administracão apostólica da Arquidiocese do Rio de Janeiro, então capital da República,  se viu entregue a esse extraordinário bispo e apaixonado brasileiro que foi Dom Sebastião Leme, começou a operar-se a evolução para um terceiro regime de relações entre os dois poderes. Estatuiu-os, por fim, a Constituição de 1934, verdadeiro golpe de morte ao laicismo estatal e que consagrou o direito de colaboração entre a Igreja e o Estado para o bem comum. É o status em que nos encontramos. Deveu-se à dedicação esclarecida de muitos homens, quer da Igreja, quer do Estado,  contudo não é demais repeti-lo, o CARDEAL LEME é quem lhe foi o inspirador e principal artífice (Dom Clemente José Carlos Isnard OSB, primeiro bispo de Nova Friburgo, em o "Magistério Episcopal").

domingo, 30 de março de 2014

31/03/1964   ===   31/03/2014


"ALEA  JACTA  EST", "A Sorte  ESTÁ  lançada", frase histórica atribuída a CÉSAR preparando-se para atravessar o RUBICÃO. Como César hesitasse porque isso a lei lhe proibia, ele disse a célebre frase e marchou sobre Roma. Rompida era de novo, a continuidade civil do nosso governo. Santiago Dantas varou a noite do dia 31 de março com o Jango, que declarou  estar o segundo exército ao lado dele no vale do Paraíba.  A guerra civil reintroduzida em nossa terra como em 1931, apesar da fama no estrangeiro de que o povo brasileiro não é de briga e sabe resolver pacificamente suas crises. Aliás, a amigos que acreditavam na brevidade do movimento Santiago Dantas profeticamente declarou-lhes haver muita probabilidade do triunfo do golpe,  confessando-lhes, ademais  que o triunfo direitista "atrasaria por 20 anos o progresso do Brasil". E Tristão de Athayde, interlocutor então de Santiago, completou: "Triste fim de qualquer modo. E mais triste ainda é que, realmente,  tanto da parte do governo como da oposição,  tudo falhou dessa vez,  no sentido de se manter o prestígio  e a fama  de SABER o país RESOLVER  CRISES  SEM   SANGUE, como é nossa lei histórica. De apelar à PAZ na última hora não me arrependo nem me envergonho, pois estava nitidamente na minha linha de pensamento e continuarei a sustentá-la, seja qual for o resultado dessa luta inglória que o conservadorismo mineiro lançou, transferindo a luta política da área civil para a área militar".

sexta-feira, 28 de março de 2014

31/03/1964:    VÉSPERA   DO   GOLPE



1 - Em setembro de 1963 rebelião dos membros da AERONÁUTICA E MARINHA em BRASÍLIA  é sufocada, alarmando a cúpula militar pela união dos rebeldes  Ao COMANDO GERAL DOS TRABALHADORES. 

2 - 13/03/64 = comício de uma multidão na Central do Brasil ouvindo o discurso de JANGO frente a bandeiras, inclusive do PCB, pedindo a permanência de Jango além  do prazo constitucional.

3 - 19/03/64 = nas ruas de SÃO PAULO "MARCHA da FAMÍLIA  com DEUS pela LIBERDADE" COM MULHERES DA CLASSE MÉDIA, LÍDERES RELIGIOSOS E POLÍTICOSprotestam contra o govérno que na pessoa do general Castelo Branco, chefe do Estado Maior do Exércita em mensagem aos subordinados declara que era defender a democracia contra "ameaças"como o CGT.

4 - 27/03/64 = O MINISTRO DA MARINHA, almirante SÍLVIO MOTA, ordenou a prisão dos participantes da reunião comemorativa do segundo ano de vida da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, reunidos dia 25/03, no Sindicato dos Metalúrgicos. Com a recusa de só deixarem o prédio se não forem presos, SILVIO MOTA se exonera.

5 - PAULO MARIO CUNHA É NOMEADO SEU SUBSTITUTO POR JANGO, ficando em liberdade provisória os rebelados até voltarem às sua unidades na  próxima segunda-feira.

6 - 31/03/64 = Sombrias as notícias políticas. Momento de perplexidade e de vigília de golpe. Donde virá? Espíritos superarmados uns contra os outros. "Os apelos à concórdia se perdendo como risos de criança no meio do barulho de uma festa"(Tristão de Athyde).
Triste e pobre Brasil!



quinta-feira, 27 de março de 2014

30/03/1964   TEMPERATURA  NO  RIO

Segunda-feira. SOBE A ATMOSFERA POLÍTICA. A REVOLTA DE NOVO DA MARINHA AO NOVO MINISTRO seria entregar os navios aos marinheiros. E talvez um golpe comunista e a ditadura, fechamento do Congresso. Empura-empurra entre direita, centro e esquerda. Os bem-pensantes só vêem os bolsos, as mulheres, santas mães de família apavoradas com as faixas: "Mães, não entreguem  os filhos aos comunistas!""Reformas pelo povo e não pelo Kremlin!"Lembra um beco sem saída, quase clamando por um "deus ex-máquina ou apelando por um "Deus é brasileiro!"Quantos motins no passado: em 1904, Revolta da Vacina, pela deposição de Rodrigues Alves; em 1910, Revolta da Chibata; em 1922, Levante do Forte de Copacabana; em 1923 e 1924, revoluções   em São Paulo e Rio Grande do Sul; em 1930 e 1932 Revoluções em São Paulo; em 1937-1945 Estado Novo. Em Brasília os debates parlamentares devem subir ao extremo e no Rio com a Marinha em pé de guerra. Apelos de paz parecem ridículos, mas preferíveis ao fanatismo, à insanidade e à impostura.

quarta-feira, 26 de março de 2014

TEMPERATURA  POLÍTICA  NO  RIO  EM  29/03/1964

DIA 25/03/64  3.000 MARINHEIROS se reuniram num sindicato de metalúrgicos no Rio e forçaram a demissão do ministro da marinha, sendo anistiados por Jango. No dia 29/03/1964 a meteorologia faz prever nova revolta da Armada como em 1893, quando os marinheiros, não aeitando Floriano Peixoto como substituto do Marechal Deodoro, se insubordinaram contra o novo ministro da Marinha recém nomeado. Nesse ano nasceu em 11/12/1893 Tristão de Athayde.  O pai era florianista, mas a mãe, impedindo registrar o filho com o nome de Floriano, buscou na mitologia um Alceu, tão mitológico quanto antiditatorial, antifloriano. Pelas cores do ambiente, ninguém se espantaria se o Exército sem o Congresso decretasse então o estado de sítio (suspensão das garantias constitucionais). A revolta dos marinheiros assemelhava-se à do João Cândido, (1880-1969), marinheiro que liderou em 1910 a Revolta da Chibata, contra os castigos corporais na Marinha Brasileira. Ou à do "encouraçado Potenkin", 1905, em Odessa, início da revolução soviética, 1917. Recomendam os anti-comunistas que o movimento dos marinheiros seja dissolvido pelos métodos drásticos usados pelos tzares. Em posição oposta, para outras pessoas Jango agiria melhor não ouvindo os políticos e religiosos e militares. Quem sabe Jango fecharia o Congresso, repetindo o gesto do padrinho Getulio Vargas em 1937? Ou, agora, opondo oficialidade e  marinheiros,  não estouraria  nova Revolta da Armada, de que surgiria ou uma república sindicalista ou uma nova ditadura da direita? Estas eram as preocupações de Alceu Amoroso Lima na Semana Santa de 1964.
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segunda-feira, 24 de março de 2014

O   PAPA   JOÃO   XXIII  E  TEILHARD  DE  CHARDIN


  • Durante dois anos, 1947/48, fui um dos noviços na Congregação da Missão, em Petrópolis, obrigado a ler diariamente um trecho da Imitação de Cristo e a rezar um terço do Santo Rosário. Os tempos passam, e com eles os hábitos, alguns dos quais se substituem. Daí a devoção que me acompanha de buscar quase todo dia um pouco de alimento espiritual, por exemplo, nas "Cartas ao Pai", de Tristão de Athayde. Por acaso hoje, uma professora evangélica externou-me a suspeita  da proximidade do fim do mundo. A resposta me saltou no momento e lhe revelei aquela teoria polêmica (?) de Teilhard de Chardin (1881-1955): a evolução-biológica, continuada por uma evolução cósmica. Acho tão consoladora a ideia de Chardin que, fugindo matreiramente aprofundar no assunto, lembrei-me do mestre Tristão. Em carta de 18/02/1964 à filha, contou-lhe que em 1962, o papa João XXIII, não conseguindo obter do Santo Ofício o imprimatur das obras de Teilhard de Chardin, chamou o geral dos jesuítas e o aconselhou a organizar um comitê de teólogos, e que cientistas publicassem  as citadas obras do jesuíta. Assim as obras passaram da clandestinidade à publicidade, sem a condenação do Santo Ofício, do Cardeal Otaviani. Contou ainda Tristão que Chardin,  vivendo uns tempos na China, tornou-se amigo de Renato Lago, embaixador do Brasil em Pequin, tornando-se conhecedor do jesuíta com quem se confessava. A esposa, Ester do Lago, levara da China uma cópia datilografada do livro "Milieu Divin", de Teilhard, "a que o padre Franca deu sumiço e nunca mais se encontrou até hoje no Santo Inácio". E Tristão acrescenta: o livro não tinha  sido ainda publicado, e, mesmo que tivesse,  como se sabe não conteria o imprimatur do Santo Ofício.  É da maior importância esse depoimento que o monsenhor Joaquim Nabuco, irmão do embaixador Maurício Nabuco, recolheu em Roma e deve ser rigorosamente certo  e o Morris West passou para o seu grande romance. Esta obra conta a história de um cardeal arcebispo-ucraniano, ex-prisioneiro do gulag soviético, que é eleito papa.  Um dos personagens do livro, às voltas com o Santo Ofício, teria sido inspirado em Teilhard de Chardin.

sábado, 22 de março de 2014

JÚLIO   MARIA  NÃO   SOUBE   ESPERAR  O  CARDEAL   LEME

"Consorciar os espíritos (definia o  Pe. Júlio Maria na "Gazeta de Notícias", Rio, 16/03/1898, a IDA AO POVO na qual via o  caminho da verdadeira cristianização do século XX. Pacificar as almas, harmonizar as vontades, com os princípios de uma ordem de coisas. Substituir às questões políticas, erroneamente  predominantes nos governos, nos parlamentos e nos jornais, a questão social, questão por excelência, porque ela afeta os interesses fundamentais do homem e da sociedade. Não mais pleitear privilégios que já não têm razão de ser. Dar aos partidistas intolerantes dos velhos regimes a persuasão de que já não é prudente nem lícito  resistir  no que é justo e legítimo à força nova que agita o mundo. Mostrar aos pequenos, aos pobres, aos proletários que eles foram os primeiros chamados pelo Divino Mestre, cuja Igreja foi logo, desde o início,  a Igreja do povo, na qual os grandes, os poderosos, os ricos, também podem entrar, mas se têm entranhas de misericordia para a pobreza. Sujeitar o despotismo do capital às leis da equidade. Exigir dele não só a caridade mas a justiça a que tem direito o trabalho. Dignificar o trabalhador. Cristianizar a oficina. Levar no ensino cristão os supremos postulados  da consciência humana às fábricas onde a máquina absorve  o homem, não lhe deixando tempo senão para ganhar dinheiro, queimar carvão ou aperfeiçoar a raça dos animais. Proclamar bem alto a eminente dignidade do operário na cidade de Deus que Jesus Cristo fundou na terra, não com as castas, as aristocracias, as burguesias ou as dinastias, mas com o povo e para o povo ("Gazeta de Notícas", 16/03/1898). Lendo isto, escreveu TRISTÃO de Athayde, em 1950, prefaciando o livro do Pe. Júlio Maria, "O CATOLICISMO NO BRASIL", vê-se como nosso patrício soube condensar  as linhas essenciais de nossa evolução religiosa. Neste meio século nada de melhor nesse sentido se escreveu entre nós. Júlio Maria, um analista do passado, sociólogo, intérprete dos acontecimentos, orientador de rumos para o futuro, como reformador social", deixa-nos um exemplo digno, inspirador das novas gerações pela sua intrepidez e pelo seu discernimento profético.
ARTIGO  DO  PE. JÚLIO  MARIA:  "GAZETA  DE  NOTÍCIAS,  13/03/1898

No dia 13/03/1898, na "Gazeta de Notícias"do Rio, escreveu o padre JÚLIO MARIA o seguinte: "Não há melhor campo para as manobras políticas do que o fanatismo religioso, nem melhor aliado para os sectários dos regimes envelhecidos, dos príncipes  destronados ou das dinastias periclitantes do que a falsa teologia. Certos políticos  sabem-no perfeitamente e eis pois que eles não se cansam de dizer, a católicos e padres que gostam de ouvi-los:  "Sentido!A Igreja periga! O século quer devorá-la. A liberdade é o demônio que agita o mundo. Os reis são os guardas da cruz e se também a Igreja consente que os reis se vão,  ai da cruz de Jesus Cristo..." Isto sem dúvida é uma insensatez, não podemos acreditá-lo. Se o acreditarmos, a experiência o tem demonstrado quem perde é o catolicismo.  Prevenidos contra a democracia e impotentes para deter-lhe a marcha e o predomínio crescente, ficamos sempre entendendo que o melhor alvitre é  desertarmos de todos os combates sociais e refugiarmo-nos nos templos. Triste consequência de tais manobras políticas e  também grande erro nosso.  Porque nós não devemos julgar das democracias pelos anátemas que lhes infligem  políticos obstinados;  não devemos negar nossa cooperação à causa pública. Não nos é lícito, enfim, encastelarmo-nos nos santuários e, contemplando de longe o povo, pensar que fazemos obra de Deus só com as nossas devoções, as nossas festas e os nossos panegíricos... Não é esse, porém, o papel do catolicismo nos tempos modernos. Os católicos e os padres não podem aceitá-los. O nosso dever é mais nobre,  mais patriótico, mais cristão; é fazer  nossa a causa social e, para que a verdade católica triunfe nela, unir, e nun só desideratum, as duas grandes forças do mundo: a Igreja e o Povo!"("O Catolicismo No Brasil", pe. Júlio Maria).

quinta-feira, 20 de março de 2014

A   CONVERSÃO    AO    CATOLICISMO

Muito útil é conhecermos as inteligentes observações do padre LEONEL FRANCA. S.J. (1893-1948) ao comentar em sua obra "A PSICOLOGIA DA FÉ" as vias que levam os homens a Deus.  De fato, cada conversão tem a sua história que não se repete. Analisando casos concretos, o fundador da PUC-RJ se refere às ALMAS que vêm de longe, partem da NEGAÇÃO, da dúvida, do erro. No caso têm-se as conversões PARA A VERDADE ou dogmáticas. São exemplos: os casos de Santo Agostinho (354-430), de Newman (1801-1890), de Papini (1881-1956).  Em outras almas o trabalho espiritual consistirá num esforço da vontade para retomar o governo perdido da vida para elevá-la ao nível da FÉ, ATÉ ALI NÃO EXTINTA, MAS FRIA E INOPERANTE. São conversões para o bem ou morais. A distância percorrida desde o ponto de partida até o termo de chegada nem sempre é idêntica: umas vão do mal ao bem, outras do bom ao melhor: exemplos: Santo Inácio de Loiola  (1491-1556), Tereza de Jesus (1515-1582) que, convertida aos 40 anos, deixou certas complacências  seculares e fez o dom de si mesma a Deus, total, completa e irrevogavelmente. Sob o critério da duração empregada para vencer as distâncias percorridas, temos: as "CONVERSÕES  LENTAS  e PROGRESSIVAS, estendendo-se às vezes por anos e anos, caso de Santo Agostinho, de Newman. As "CONVERSÕES  FULMINANTES", quando em poucos segundos se destroi  um passado inteiro, reconstruindo-se um futuro inteiramente novo. Há no caso a fusão da graça divina, a percepção dos motivos de credibilidade e a resolução definitiva da vontade na unidade de um ato instantãneo. Ocorreu no caso de São Paulo nos caminhos de Damasco, caindo do cavalo, fariseu e perseguidor, e levantando-se cristão e apóstolo. No século XIX o caso de AFONSO MARIA RATISBONA (1814-1884),  fundador  das religiosas de Sion, que entrando numa igreja em Roma para agradar a um amigo, deixando-o só na imensa nave silenciosa, pouco depois o encontra debulhado em lágrimas ante um altar da Virgem  da Medalha Milagrosa. Judeu e mundano, Ratisbona levanta-se transformado, vai ajoelhar-se  aos pés de um padre, faz um retiro, orientando a vida para novos horizontes espirituais. No Brasil um ALCEU AMOROSO LIMA (1893-1983), um JACKSON DE  FIGUEIREDO (1891-1928), um PAULO SETÚBAL (1893-1937),  um GUSTAVO  CORÇÃO (1896-1978), um PADRE JÚLIO  MARIA (1850-1916), redentorista, ETC. Seja qual for a modalidade individual, a conversão é sempre um drama interior em que os dois grandes atores são DEUS e a ALMA  ("A PSYCOLGIA DA FÉ", P.LEONEL FRANCA S.J.).

terça-feira, 18 de março de 2014

Inteligencia e vontade, uma aberta todos os raios da verdade, outra, solicitada por todas as atrações do bem casam-se harmoniosamente no ato superior de quem crê. Na doutrina católica, a concepção da FÉ na sua essência é um ato da inteligência, a adesão prestada a uma verdade revelada. Concilio de Trento: "A fé é uma virtude sobrenatural pela qual  prevenidos e auxiliados pela graça de Deus cremos como verdadeiro o conteudo da revelação não em virtude de sua verdade intrinseca, vista pela luz natural da razão, mas por causa da autoridade de Deus que não pode enganar-nos nem enganar-se. No evangelho a mensagem de Cristo se nos representa como uma doutrina que se deve ensinar e transmitir pela pregaçào. A este magisterio corresponde a adesão livre dos homens; prestá-la é CRER: "IDE  por todo o mundo, pregai o EVANGELHO  a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado"(Mc.XVI). A palavra CRER INDICA A ATITUDE DE RESPOSTA A UMA VERDADE PROPOSTA, A UM ENSINAMENTO COMUNICADO PELO MESTRE: "SE VOS DIGO A VERDADE, POR QUE   NÃO ME CREDES?"CRER APRESENTA-SE COMO UM ATO DA INTELIGENCIA QUE ADMITE UMA DOUtRINA, UMA VERDADE, sob o testemunho de  outrem  que  afirma.Na epistola aos Hebreus (Ad,Hebr, XI,I.)  se define a Fé como : "Realidade das cousas que esperamos (sperandarum  substantia rerum), a fé é descrita como o fundamento, a realidade do que esperaMOS: A FÉ SERIA O APOIO SOLIDO DE TODAS AS NOSSAS ESPERANÇAS, SPERANDARUM SUBSTANTIA RERUM. No segundo membro (ARGUMENTUM NON APPARENTIUM) TEM'SE A IDEIA DE SUSTENTAR: A FE SERIA O APOIO SOLIDO DE SUBSISTIR:  EM RESUMO:  AS COUSAS que "esperamos"  COMEÇARIAM , pela fé, a TER no nosso espirito uma REALIDADE  SuBSISTENTE, tào certa e indubitável como se as vissemos com os olhos". Donde se conclui que: 1. a FÉ é um ATO DA INTELIGENCIA pelo qual admitimos como verdadeira uma doutrina ATESTADA pela AUTORIDADE  DIVINA; 2. é um ATO  LIVRE , dependente de nossa vontade e por isso sob o dominio de nossa responsabilidade moral, digna de mérito como virtude ou de condena'cão como pecado.
FÉ  e  INTELIGÊNCIA:  em face de uma verdade de um exame rapido surgem 2 estados mentais diferenciados: UM definitivo, tranquilo,é a posse consciente da  CERTEZA; outro provisorio, instavel, é a DUVIDA. Na certeza a inteligencia adere definitivamente a uma das alternativas e repousa na percepcão do objeto conhecido. Na DUVIDA a inteligencia oscila, a verdade não lhe aparece com a sua força de determinação. As razões DE AFIRMAR E DE NEGAR OU NÀO SE MANIFESTAM (DUVIDA NEGATIVA) OU PARECEM EUTRALIZAR-SE (DUVIDA POSITIVA), Num e noutro caso o espirito é solicitado em sentidos oposos sem conseguir o repouso da unidade.Semelhante ao do que duvida é o estado de quem OPINA. Aqui o equilibrio que caracterizava a DUVIDA é destruido em favor de uma das alternativas. A inteligencia adere, pronuncia-se, afirma.. Mas as razões,  as probabilidades  que a inclinam não lhe parecem  decisivas, tranquilizadoras.O objeto `não se ilumina com toda a sua claridade, os argumentos não ultrapassam os limites do provavel, deixam aberta a possibilidade de outros argumentos, nào ultrapassam os limites  do provavel. A nota caracteristica da OPINIÀO é esta inquietude de que a soluçào a que se chegou não é definitva, este receio não se fundamenta de que talvez a verdade esteja do outro lado. O espirito ficou suspenso sem possibilidde de uma adesào tranquilizadora. A FÉ não é duvida, nào é opiniào, É  CERTEZA! No CRENTE não há suspensão de juizo, é CERTEZA. Nenhuma adesão oscilante e tímida, mas a CONVICÇÃO profunda de quem está com a verdade!
ENTRE  AS  CERTEZAS, porém, a FÉ  ocupa um ludgar distinto, que só podemos mostrar com um exame mais  detido dessa atitude intelectual.

segunda-feira, 17 de março de 2014

MANOELINA  DOS  COQUEIROS

NARRA TRISTÃO  DE ATHAYDE, em "Adeus à Disponibilidade", que visitando um dia o Museu do Ipiranga, em Sào Paulo, soube que o diretor tivera a ideia de colocar, ao longo da escadaria da entrada alguns boiões com água de nossos grandes rios. AFONSO DE TAUNAY, diretor do Museu e antigo colega de infância de Tristão,   ribeirinhos do velho rio Carioca,  mostrou-lhe o canto vazio onde um recipiente esperava a saudosa água que corria outrora pela frente  da Casa Azul  de Alceu e pelos fundos o palácio do velho Visconde. Prometeu levar-lhe as águas que haviam dado nome aos habitantes da ex-capital federal do Brasil e que tinham fama de tornar melodiosa a voz dos que a tomavam. Armado de duas garrafas, dirigiu-se às nascentes do velho rio, pelas bandas do Cosme Velho. Perguntando a algumas lavadeiras cujos antepassados eram escravos quando aquelas águas eram livres, então já estavam canalizadas, indicaram-lhe a cascata que descia pela encosta do Corcovado.  "Enchi de água pura os jarros que levava, escreve TRISTÃO,  e, á saída, como era ao tempo daquela "Manoelina dos Coqueiros", gritaram-me de longe as lavadeiras, espantadas com o meu gesto: "Ô moço, olhe que isso aí não é água da Santa dos Coqueiros!" MANOELINA  DOS  COQUEIROS, falecida  aos 14/03/1960,  foi uma adolescente  pobre, honesta, fervorosa, residente em Dom Silverio (hoje Crucilândia) município de Bonfim, MG,  que andou virando a cabeça de muita gente  de Minas e do Brasil. Curada de uma tuberculose por um anjo, em gratidão passou a vida a fazer caridade e a fornecer água benta aos romeiros que de todo o país a ela recorriam. Num cômodo de terra batida construíra um altar com imagens de santos,  junto do qual atendia os fieis, sempre trajada de uma túnica azul e com a cabeça coberta com um veu branco. Sempre com um terço na mão e cantando, alimentava-se de  água e vinho e dormia num catre sem colchão nem roupa de cama.  Filho, em Bonfim, MG,   do dono de uma pensão que num forde 29 conduzia hóspedes à casa de Manoelina, um belo dia espremi-me num canto da furreca e fui ver a santa. Faz isto setenta e três anos. Retenho até hoje com nitidez o momento em que colocou as mãos sobre minha cabeça e me abençoou. Hoje lamento ter-me abandonado um pequeno livro encontrado num sebo do Rio, escrito por jornalistas da revista Cruzeiro, na década de 30 do século passado, com depoimentos de várias pessoas do Rio que, pela Central do Brasil, desciam no ponto final na cidade de Entre Rios e a cavalo ou carro alugado visitaram a SANTA DOS COQUEIROS.

sexta-feira, 14 de março de 2014

A  FÉ  NOS  APARECE COMO  LUZ  ILUMINANDO  NOSSA  ESTRADA,  ORIENTANDO NOSSOS  PASSOS  NO  TEMPO.

No princípio DEUS criou o céu e a terra. Em seguida, à palavra divina surgiu a luz, o firmamento, o continente, os mares, a verdura, ervas, os luzeiros, os seres vivos nas águas, os pássaros sob o firmamento, todos os seres vivos. DEUS criou então o homem  e a mulher, à sua imagem e semelhança, e lhes disse: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a... e descansou no sétimo dia. Citei a Bíblia até aqui, porque me servirá para o que vem a seguir. "LUZ DA FÉ", expressão muito própria para conceituar-se a FÉ.  "Eu vim ao mundo como a LUZ, para que todo o que CRÊ EM MIM não FIQUE NAS TREVAS" (J0.12.46). Esta "Luz da Fé" recebe-a a pessoa no batismo, um dom, o DOM DA FÉ, à semelhança de uma LUZ, "LUMEN".  Com esta luz podemos distinguir o bem do mal, é iluminada a estrada que nos conduz, cristãos que somos, à meta desejada. Essa FÉ vem de DEUS: "QUEM CRÊ em mim  não fique nas TREVAS, porque, crendo em Cristo, é ILUMINADO pela LUZ DA FÉ.  DANTE na Divina Comédia, depois de ter confessado diante de São Pedro a sua Fé, descreve-a  como uma CENTELHA que se expande depois em viva CHAMA e, como ESTRELA no céu, EM MIM CINTILA"(D.C.XXIV,145-147). Mas este DOM DA FÉ recebido no batismo deve ser continuamente nutrido e revigorado para orientar o caminho dos homens, enriquecendo todas as suas dimensões. E   aqui refiro-me ao início desta postagem onde enumerei tudo que DEUS criou e que constitui a CIDADE dos  HOMENS para sua vida em comum. Criando-nos, o AMOR de DEUS Criador nos faz olhar com maior respeito para a NATUREZA CONSTITUÍDA, ALÉM DOS HOMENS, dos reinos animal, mineral e vegetal, nosso habitat, nossa cidade, uma habitação a nós confiada  para ser cultivada e guardada; ensina-nos a individuar formas justas de governo com o nosso reconhecimento de que  a autoridade vem de Deus para estar ao serviço do bem comum; devendo nós conviver com os conflitos mas de tal maneira que nos levem  a superá-los como elos de uma cadeia em vista de uma unidade social. A FÉ ilumina a vida social.

quarta-feira, 12 de março de 2014

HOMENAGEM   AO  PAPA  FRANCISCO

Nada mais apropriado para assinalar o primeiro ano (13/03/2014) do pontificado do nosso FRANCISCO do  que a piedosa e humilde ORAÇÃO ENCERRANDO SUA PRIMEIRA ENCÍCLICA (29/06/2013)  "LUMEN  FIDEI".

AJUDA, Ó  MÃE, A  NOSSA  FÉ!

Abri o nosso ouvido  à PALAVRA, para reconhecermos a VOZ  de  DEUS e o seu chamado!

Despertai em nós o desejo de seguir os seus passos, saindo da nosa terra e acolhendo a sua PROMESSA!

Ajudai-nos a deixar-nos tocar pelo seu AMOR, para podermos tocá-LO com a FÉ!

Ajudai-nos a confiar plenamente NELE, a crer no seu amor, sobretudo nos momentos de tribulação e cruz, quando a nossa FÉ é chamada a amadurecer!

Semeai na nossa FÉ a alegria do Ressuscitado!

Recordai-Nos que QUEM  CRÊ  NUNCA  ESTÁ  SOZINHO!

Ensinai-nos a ver  com  os  olhos  de  JESUS, para que ELE seja LUZ  no nosso caminho. E que esta LUZ  da FÉ cresça sempre em nós até chegar aquele dia sem ocaso que é o PRÓPRIO  CRISTO,  VOSSO  FILHO,  NOSSO SENHOR!

RFANCISCUS. 

Da Encíclica "LUMEN  FIDEI":
A nossa CULTURA perdeu  a noção desta presença concreta de DEUS, da sua AÇÃO no mundo;  pensamos que DEUS se encontra só no ALÉM, em outro nível de realidade,  separado das nossas relações concretas. Mas, se fosse assim, isto é, se DEUS fosse incapaz de agir no mundo, o seu amor não seria verdadeiramente poderoso, verdadeiro AMOR, capaz de cumprir a felicidade que promete ("Lumen Fidei", 17).   


segunda-feira, 10 de março de 2014

FRANCISCO   FACE   ÀS   UNIÕES   ENTRE   HOMOSSEXUAIS

O cardeal de Nova Iorque, Timothy Dolan,  declarou há pouco que o papa Francisco pretende estudar as uniões entre casais homossexuais (Folha, 10/03/14). Parte da mídia, esquecendo-se das palavras do papa reiterando que o casamento é entre um HOMEM e uma MULHER,  propaga, salvo erro meu, que  Francisco pensa ser possível  admitir-se a legitimidade da união homossexual, pelo fato de  que, publicando a Folha que   "a intenção do papa é entender os motivos que levaram alguns países a legalizar o matrimônio gay", está o pontífice inclinado a tratar do assunto com responsabilidade. O que geraria a esperança da aprovação papal para tais uniões. O casamento é uma instituição natural ou decorrente da própria natureza humana. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, os abençoou e lhes disse: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a".  A família tem seu fundamento na complementação física e psíquica que homem e mulher prestam um ao aoutro. Existe uma LEI NATURAL, ANTERIOR A QUALQUER CONDUTA DE VIDA DOS INDIVÍDUOS, COM CARÁTER PERENE E UNIVERSAL. O consórcio de homossexuais traz sério perigo à FAMÍLIA, pela sua DESCARACTERIZAÇÃO. A INTENÇÃO DE FRANCISCO, DEBRUÇANDO-SE SOBRE AS UNIÕES HOMOSSEXUAIS, TEM POR FINALIDADE  fazer uma  análise, um estudo responsável, sobre as graves consequências que de tais consórcios poderão advir para a sociedade, por tratar-se de uma violação á natureza humana mesma. Além do mais, cabe ao papa conhecer, pastor que é de milhões de católicos, conhecer psicologicamente e  entender, como "doce Cristo na Terra", o emaranhado das razões que levam o ser humano a  contrariar uma lei natural e divina pelo Criador querida.

sábado, 8 de março de 2014

ADEUS   À   DISPONIBILIDADE

Na carta endereçada a Sérgio Buarque de Holanda por TRISTÃO de ATHAYDE no dia seguinte à sua conversão ao catolicismo (15/08/1928), conhecida como o "ADEUS  À  DISPONIBILIDADE", o missivista  escreve que se sentia, só então,  "bem mais moço de coração do que se sentia há 15 anos, quando deixava os clássicos bancos acadêmicos para entrar, desiludido de tudo,  no mistério da vida que lhe parecia resolvido  de antemão pela INUTILIDADE  de todo esforço em resolvê-lo". A DISPONIBILIDADE de que se despedia TRISTÃO  originava-se de sua "vaidade em querer  resolver sozinho o problema da própria vida e NO DESEJO  de que outros o resolvessem da mesma maneira". Esse  Adeus à Disponibilidade  marca o ponto final de sua existência anterior a 1928 e o início de uma  vida nova, da verdadeira vida, aquela  em que "nos colocamos nas mãos de Deus" e que ocorreu no dia 15/08/1928.  Para TRISTÃO a disponibilidade de que  se despedia originava-se "da  inexistência, então,  à mocidade brasileira de uma grande causa, generosa, construtora, merecedora de seu entusiasmo e até de seu sangue, consistindo nisto a grande melancolia de sua geração. Vivia-se intoxicado de sibaritismo. Formaram-nos a ironia e o ceticismo de nossos mestres. Carregava-se uma mocidade sem mocidade. Tinha-se vinte anos sem vinte anos. Nos colégios do Estado leigo recebia-se uma educação sem alma, sentíamo-nos inadaptáveis e distantes da realidade, desencantados e decadentes". Saídos de uma adolescência morta, foi preciso que a guerra de 14  e as revoluções sacudissem a sociedade e as consciências. Mas de repente o Brasil  começou a cair em si. Inicia-se no Rio uma cruzada de moços pela volta de Cristo, graças à influência do cardeal Sebastião Leme. Chegada  era a hora do regresso de ALCEU AMOROSO LIMA À  IGREJA DE SUA INFÂNCIA através da amizade com o convertido ao catolicismo, dez anos atrás,  JACKSON DE FIGUEIREDO, falecido três meses depois daquele ADEUS, afogado nas águas do Atlântico (04/11/1928). Da Cruzada de moços despertada em boa hora "se desenham em linhas nítidas as duas grandes causas a que eles podem dedicar-se: de um lado a causa do ERRO  e do outro a causa da VERDADE. De um lado a regeneração pela ideia revolucionária, de outro a regeneração pela ideia religiosa". Obs.: Dic. Houaiss: DISPONIBILIDADE = qualidade de quem se acha aberto para receber influências externas, conselhos, novas ideias, etc.).

sexta-feira, 7 de março de 2014

REGRESSO   DE   ALCEU   À   DISPONIBILIDADE

Em carta à sua filha (26/06/1969) TRISTÃO de ATHAYDE escreve que um importante período de sua vida, iniciado com sua conversão ao catolicismo em 1928 junto ao Padre Leonel Franca, seu mentor espiritual, definitivamente se encerrou com o falecimento deste sacerdote em 1948. Terminava assim o trecho de sua vida caracterizado pela carta escrita ao amigo Sérgio Buarque de Holanda no mesmo dia de sua conversão ao catolicismo,  conhecida por "ADEUS À DISPONIBILIDADE", declarando: "O CONVERTIDO DE 15/08/1928 passava de ovelha dócil do rebanho a "LIVRE ATIRADOR", denominação a ele dada por telefone pelo primeiro ditador do golpe de 1964, marechal Castelo Branco. Depois de um surto de dinamismo na vida religiosa do Rio de Janeiro lançado por Dom Leme, em 1916, por Jackson de Figueiredo, de 1921 a 1927, e pelo seu próprio, de 1928 a 1941, "quando esfriei com Dom Leme  a propósito da eleição de Getúlio Vargas para a Academia Brasileira de Letras",  começou a separação  entre o Centro Dom Vital e o Palácio São Joaquim, residência do Cardeaal Leme. Explicando esse esfriamento, TRISTÃO  escreveu que ele "aconteceu com a entrada dos Gregos em Troia com o cavalo de pau", trazendo  a discórdia para dentro da praça. E as mortes sucessivas de Dom Leme (1942), de Dom Gaspar, (1901-1943), arcebispo de São Paulo, do Padre Leonel Franca (1948), do Wagner, secretário de Alceu, falecido em 1943, esses fatos  acabaram arrastando tudo, auxiliados pela  partida de Tristão em 1950 para os Estados Unidos, a ida, em 1950, da filha Maria Tereza (1929-2011) para o convento, suas  viagens à Europa, e, acima de tudo,  "a vinda para o Rio de um arcebispo muito santo, mas totalmente alheio e avesso a nós". E com João XXIII (1881-1963) e o Concílio Vaticano II, o aggiornamento, "eis como tudo mudou de tal ordem  nesses 40 anos (de 1928 a 1968), que me sinto hoje mais do TRISTÃO de 1919 (ano em que adquiriu este pseudônimo) do que  do ALCEU de 1928 (ano de sua conversão). "Não que a FÉ tenha diminuído. Mas que a liberdade voltou a arejar o ambiente e a reconciliar o  ALCEU com o TRISTÃO, para colocar o problema, escreve Alceu, na personalidade bicéfala que acabei tendo, como nota irreversível em minha vida".